Lavignea Witt
Há muitos anos, o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho é algo dificultoso. Isso também ocorre no meio rural. Por esta razão, é algo significativo quando uma mulher é inserida nesse meio, principalmente em cargos de maior representatividade para outras mulheres. Quem pode falar disso muito bem é Salete Faber, coordenadora de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Regional Sindical Vale do Rio Pardo e Baixo Jacuí.
Desde 2018 no cargo, a coordenadora vem ajudando muitas mulheres que escolheram dedicar-se ao espaço rural como forma de trabalho. “Nós, enquanto entidade representativa da categoria dos agricultores e das agricultoras familiares, sempre vamos nesse intuito de estar divulgando o trabalho das mulheres rurais. Às vezes passa despercebido no dia a dia, porque é um trabalho na sua propriedade, sendo considerado diferente de outros trabalhos, em que as pessoas se deslocam de casa até o espaço de trabalho. É sempre importante estarmos reforçando isso, ajudando a promover a importância do trabalho das mulheres rurais”, afirmou Faber.
Salete é protagonista de um grande feito. Ela foi a primeira mulher a assumir um cargo de diretora no Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR) de Santa Cruz do Sul, que até então, com 56 anos, nunca havia tido uma figura feminina na linha de frente. “Eu iniciei em 2018, junto à diretoria, atual gestão, e estamos sempre no intuito de também estar viabilizando cada vez mais o acesso para as mulheres. Eu falo que eu não vou ficar aqui para sempre. Alguém depois de mim virá e dará sequência a esse trabalho. Ou seja, eu estou abrindo caminho para as outras que virão”, enfatizou.
Em relação ao trabalho realizado, Salete explica que o STR abrange quatro municípios e ela atua em todos eles com grupos de mulheres, idosos, cursos profissionalizantes, educação no campo, entre outros. “Trabalho muito a educação no campo, para que a primeira horta escolar retome suas atividades. É um anseio nosso também que se tenha esse trabalho”, declarou. Além disso, a coordenadora representa a entidade em diversos conselhos municipais, regionais e estaduais, assim como participa de vários colegiados como os de saúde, de assistência social e da mulher.
Assistência às mulheres rurais
Salete também viabiliza políticas públicas para atendimento das mulheres. “Este ano, em torno do dia das mulheres, nós reivindicamos a construção do centro regional de acolhimento para as mulheres vítimas de violência doméstica. Em pleno ano de 2022, não dá para nós admitirmos que ainda temos que acolher mulheres vítimas de violência em hotéis com suas crianças”, enfatizou a coordenadora.
Em março deste ano, a coordenadora também organizou o 26º Encontro Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, em Passo do Sobrado, que contou com a presença de 2,5 mil pessoas. “Escolhemos um espaço aonde justamente evidenciava o trabalho da mulher no meio rural, que explora o turismo rural e que tem uma mulher como gestora. Nós podemos destacar tudo de bom que é produzido pelas mulheres trabalhadoras rurais. Teve as exposições de agroindústrias, artesanato, flores e muitos outros aspectos”, reiterou. De acordo com Salete Faber, a promoção superou todas as expectativas e foi um sucesso.
Em razão de todo o trabalho feito no STR, a coordenadora afirma que a responsabilidade em representar este quadro social é grande. “Nós temos mais mulheres associadas do que homens. Por isso, estamos sempre no intuito de estar desenvolvendo o melhor possível e indo ao encontro das necessidades e das demandas das mulheres e de suas famílias de modo geral. Convém deixarmos espaços abertos para que outras venham e possam estar dando sequência no trabalho”, afirmou.
Salete destacou que as mulheres rurais devem mostrar seu empoderamento e garantir os seus lugares em todos os âmbitos. “A mulher trabalhadora rural pode andar bem vestida sim, pode usar salto, ela deve pintar a unha, pintar o cabelo e ocupar os mais diversos espaços. Porque lugar de mulher é onde ela quiser”, definiu.