Dom Canísio Klaus*
Na quarta-feira, dia 1º de Maio, comemoramos o Dia Mundial do Trabalho. Para muitas pessoas vai ser apenas “um feriado” com a possibilidade de participar de festas promovidas pelas firmas ou pelo poder público. Para outras pessoas é o dia de reverenciar São José, o padroeiro dos trabalhadores e celebrar as conquistas obtidas pelos trabalhadores. Para outras, ainda, o dia de protestar contra as más condições de trabalho, contra os baixos salários pagos ou contra os direitos que estão sendo subtraídos com as políticas governamentais para conter as crises econômicas que assolam vários países do continente.
Em muitas oportunidades, os bispos do Brasil já manifestaram sua solidariedade e denunciaram situações injustas que afligem os trabalhadores propondo ações que favoreçam a prática da justiça social. O mesmo se deu em nível de Igreja Católica Universal, quando papas publicaram importantes documentos sobre a realidade do mundo do trabalho, alertando para a exploração dos trabalhadores. Em sua última mensagem aos trabalhadores, a presidência da CNBB dizia que estava unida a eles “em suas justas reivindicações quais sejam a garantia de seus direitos e a defesa de sua dignidade”. Com eles, a Igreja “denuncia as desigualdades sociais, que a distribuição de renda não consegue erradicar, o baixo salário, o desemprego e o subemprego, que condena inúmeras famílias a condições indignas de filhos e filhas de Deus. Repudia, igualmente, o trabalho escravo e infantil, chaga de nossa sociedade, bem como toda discriminação que possa existir no mundo do trabalho por idade, etnia, gênero”.
Por ocasião do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora de 2013, quero convidar a um momento de reflexão sobre o “dom do trabalho”. Durante muito tempo os cristãos entendiam o trabalho como castigo imposto por Deus por causa do pecado de Adão e Eva. Nas últimas décadas, esta concepção foi revista e se começou a olhar para o trabalho como aquilo que dignifica a pessoa. O texto inspirador é o Livro do Êxodo (20,9-10): “Trabalharás durante seis dias e farás toda a tua obra. O sétimo dia, porém, é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu escravo, nem tua escrava, nem teu animal, nem o estrangeiro que está em tuas portas”.
Os dias de trabalho a que o ser humano é chamado, culminam com o sábado, que é dia de descanso. E só tem direito ao descanso aquela pessoa que trabalhou. Por causa disso, mais do que sofrimento, o trabalho deve ser encarado como uma benção de Deus. “É feliz a pessoa que consegue comer o pão obtido com o trabalho de suas mãos” (Sl 128,2).
Sabendo que “todos somos responsáveis, através do nosso trabalho, pela construção da sociedade nova, justa e fraterna, sonhada por Deus para seus filhos e filhas”, pedimos que Deus, por intermédio do operário São José, que com o seu trabalho na oficina de Belém contribuiu para dar mais dignidade ao trabalho, abençoe os trabalhadores e as trabalhadoras.
*Bispo Diocesano