Era dezembro de 1977 quando Raul Seixas, o Maluco Beleza, escreveu a música “O dia em que a terra parou”, que hoje alguns acreditam como profética. Pois então – fosse profética como esses alguns entendem, já teríamos as necessárias cautelas para esperar uma catástrofe. O homem tem por hábito minimizar os seus problemas lançando a culpa para outro ou até para previsões catastróficas. É normal. O fato é que talvez ainda tenhamos uma próxima desgraça para que os movimentos por esse planeta realmente deixem de existir. Por mais que a Organização Mundial da Saúde informe e explique a necessidade de se ficar em casa para evitar o contágio do coronavírus e por conseguinte a doença chamada de Covid-19, por mais que o Ministério da Saúde alerte para esta necessidade, por mais que os exemplos vindos de Espanha, Itália e parte dos Estados Unidos mostrem, os santa-cruzenses, em boa parcela, estão nas ruas. Talvez entendam que isso não passe mesmo de uma “gripezinha” como alardeou o presidente da República. Mas não é.
Nem as mais exatas previsões poderiam atestar que os terráqueos são suicidas. Nem Nostradamus, nem Raul Seixas. Nem Paulo Coelho, que foi parceiro de Raul em algumas composições, diria qualquer maluquice de que mesmo que a terra parasse, os teimosos ainda sairiam às ruas para testar imunidade ou, nem quero pensar nisso, para matar ou para morrer. Sim, quem sai as ruas e tem o vírus silencioso no corpo, pode muito bem contaminar um idoso ou alguém que tenha doença crônica. De lá e de cá pululam casos que mostram da rapidez como o contágio se dissemina. De 26 de fevereiro, quando surgiu oficialmente o primeiro caso, até 8 de abril de 2020, apenas no Brasil 14.049 pessoas manifestaram a presença da contaminação no corpo. Destes, 688 pararam de viver. Se esse não é um alerta, o que mais precisa acontecer?
Afora os dados matemáticos, ainda temos a possibilidade de outra quantidade significativa de pessoas que possuam o vírus sem que ele se manifeste, mas que podem transmitir e ajudar no crescimento geométrico dos índices.
Enquanto cientistas se dedicam à pesquisa de uma vacina que solucione a pandemia, médicos, enfermeiros, auxiliares da área da saúde dedicam suas vidas (no Brasil já houve casos de mortes de profissionais da saúde) para salvar as pessoas que precisam, na contramão centenas vão aos supermercados para se abastecerem. Encontram conhecidos, conversam e dali saem satisfeitos e, possivelmente, crentes que são os super imunes.
Se quisermos ser ao menos preservacionistas de nossa existência, é preciso ficar em casa. A única forma de conter a propagação e achatar a curva é o isolamento social horizontal enquanto a vacina não é descoberta.
Desejo muito que todos e todas entendam que é preciso pensar em nós, sim, mas que possamos nos dar o melhor, é fundamental pensar e proteger o outro.
O dia em que a terra nos parar, estaremos, infelizmente, mortos.
Ilustro que no país inteiro, foram necessários 17 dias para se chegar ao 100º caso, em mais sete dias, foi alcançado o milésimo e apenas 14 dias depois já foram 10 mil os contaminados.
Santa Cruz registrou a primeira ocorrência no domingo (5). Esperamos, creio que todos esperam, que não se tenha mais notícias de contaminação (o que é praticamente impossível) e que chegaremos ao final dispostos a fazer a terra girar de alegria.