Dizem que no mundo tem gente tão pobre, tão pobre, que só tem dinheiro. Pois o homem mais “pobre” do mundo morreu na semana passada: Muammar kadafi, presidente da Líbia, tinha uma fortuna distribuída entre bancos, propriedades e investimos avaliada em US$200 bilhões.
Eu sei! Eu sei…! Eu também não tenho a menor ideia da dimensão de toda essa grana, mas se Kadafi não fosse tão ganancioso e distribuísse sua fortuna, cada habitante de seu país (que tem um terço da população vivendo em condições de miséria extrema), receberia US$ 30 mil.
Poxa, mais uma vez eu tenho que reconhecer que o conselho de Jesus está certo: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens”.
Mas porque a inquietação da posse avassala multidões de pessoas todos os dias?
Meu filho José Henrique, de cinco anos, é aluno do jardim de infância da Escola infantil Crescendo com a Gente, em Caxias do Sul. No último fim de semana ele trouxe um tema de casa e pediu para a mãe ajudá-lo na tarefa. A lição, solicitada pela professora Carla Link, mostrava uma série de desenhos de brinquedos e crianças, seguidos das seguintes perguntas: Quantos brinquedos há na imagem?
O José olhou para o desenho, contou com a ponta do dedo e respondeu:
– Oito.
Logo abaixo outra pergunta: Quantas crianças há na praça?
O José contou novamente as crianças com o dedo indicador no ar e respondeu sorridente:
– Sete.
Aí veio a questão principal: O que acontecerá se dermos um brinquedo para cada criança?
O garoto olhou abismado para a mãe e mais que depressa e sem pestanejar respondeu:
– Ora, as crianças ficarão muito felizes!
O que surpreendeu nas respostas não foram os cálculos, mas sim a leitura que o menino fez da última questão apresentada. Enquanto nós esperávamos uma resposta do tipo “sobra um brinquedo”, o José nos mostrou que a vida é muito mais do que possuir e que o coração da questão não é a questão, mas o coração. Caso cobicemos o que não é nosso ou olhemos somente para o que nos falta, estaremos ignorando o que já temos e essa atitude demonstrará que nosso coração está completamente tomado pelo materialismo e pela ganância. E estaremos esquecendo que o homem ganancioso pensa possuir as coisas, mas na verdade ele é que é possuído por elas.
Por isso, analise seus sentimentos, pois o coração da questão não é a questão, é o coração.