Com o recesso da CPI da Covid-19, as atenções passaram de Brasília para o Japão com os Jogos Olímpicos de Tóquio. Por conta da pandemia, de 2020 passaram para 2021 e cá estamos aqui, vendo, torcendo e nos emocionando. O grande retrato dessas Olimpíadas é mostrar que em meio a tudo isso, o Brasil vale a pena.
Não há como não se contagiar pela ideia de que os maiores atletas do mundo estão reunidos para disputar uma competição. É verdade que pode se questionar o fato de isso acontecer em meio a uma pandemia que não foi superada. No entanto, ao vermos os desempenhos dos atletas brasileiros, não há como não se emocionar e torcer por cada um, em cada prova.
O Brasil de Rayssa Leal, de Rebeca Andrade, de Kelvin Hoefler. Um País constituído em sua miscigenação, que mostra que nossas diferenças são importantes e podem nos aproximar. Ao contrário daquilo que vimos na sociedade nos últimos anos, com casos de racismo, machismo e xenofobia, é a diversidade que faz do Brasil um País único. Ainda que muitos atletas não contem com o incentivo necessário para um desempenho de alto nível, lá estão eles desafiando a lógica.
É preciso sim investir no esporte não só com o objetivo de trazer medalhas de ouro, mas para proporcionar lazer e saúde para a população. É preciso investir no esporte para dar oportunidades à juventude e permitir o desenvolvimento de talentos.
24 atletas brasileiros competem com menos de R$ 1.000 de auxílio. 83 com menos de R$ 2.000. Cinco atletas têm que fazer entrega de comida via aplicativo para complemento de renda. Outros 41 fizeram vaquinha para chegar lá. Os relatos de quem teve que treinar em condições precárias não são a exceção, mas sim a regra. Infelizmente não há valorização o suficiente do esporte. Aliás, no Brasil de hoje parece não existir dinheiro algum para pesquisa, ciência, tecnologia, educação e esportes.
Houve um tempo que isso tudo era prioridade para o governo. O Bolsa Atleta, no governo do ex-presidente Lula, permitiu que, por exemplo, 80% da delegação brasileira atual tivesse um auxílio financeiro. Já em 2018, com Michel Temer, o programa sofreu um corte de 32%. Essa é a diferença quando se olha para o povo quando se governa.
Ainda assim, nem isso consegue apagar o brilho de nossos medalhistas. De quem está lá representando o Brasil. Em meio a tudo o que vivemos, ver estes atletas me fez lembrar que o Brasil vale a pena. Todo ouro é bem-vindo, mas não há riqueza maior do que o que somos. Nosso povo, nossas raízes, particularidades que fazem deste País um lugar tão distinto e único, com suas contradições, dificuldades e problemas. Esse é o Brasil que conhecemos e torcemos. Pela primeira vez em muito tempo senti orgulho de ser brasileiro e ver as cores de nossa bandeira.