O Brasil vive um momento promissor para o mercado editorial e relevante quanto à meta de ampliação do hábito de leitura. A começar pela estimativa de crescimento econômico em 2012 sensivelmente maior do que no ano passado. Ademais, teremos a realização das eleições municipais, que sempre suscitam maior interesse em pesquisas e estudos sobre política e história. Haverá, ainda, a Olimpíada de Londres, evento tradicionalmente estimulante para a indústria da cultura e do entretenimento como um todo.
Também será realizada a 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto, no Anhembi. O evento atrai grande volume de público, constituindo-se, tradicionalmente, em elemento formador de novos leitores. Trata-se de um verdadeiro convertedor de visitantes de feiras em frequentadores de livrarias. Há de se considerar, ainda, o crescimento anual dos programasgovernamentais de distribuição de livros às escolas públicas, agora não mais restritos às obras didáticas.
Portanto, há vários fatores que permitem vislumbrar com otimismo a performance do mercado editorial. A última edição da pesquisa “Produção e Vendas do Mercado Editorial Brasileiro”, realizada pela Fipe/USP para a CBL (Câmara Brasileira do Livro) e SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), relativa a 2010, mostra que o brasileiro está lendo mais e que o livro torna-se cada vez mais acessível. Houve um crescimento no número de exemplares vendidos, da ordem de 8,3% excetuando-se as vendas para o governo. O faturamento do setor caiu, o que indica com clareza uma redução do preço dos livros, que foi de 4,42%, em comparação a 2009.
Os números também mostram maior investimento em novos títulos. É uma estratégia inteligente do mercado, estimulando o surgimento de autores e a produção intelectual. O maior número de títulos permite gerenciamento estratégico das tiragens, que vão respondendo ao comportamento da demanda. É muito claro o avanço do mercado livreiro no Brasil. Contudo, os esforços do setoreditorial têm de ser mantidos e ampliados a cada dia, pois ainda estamos aquém da almejada meta de consolidar um país de leitores, condição essencial para o desenvolvimento.
Temos, portanto, de continuar trabalhando para multiplicar os índices de leitura em nosso. Nesse sentido, é essencial a mobilização do setor público e da iniciativa privada, como vêm fazendo as entidades do mercado editorial, para que 2012, com todos os eventos e cenários favoráveis, seja um ano de grandeimpulso do mercado editorial, com a inclusão de milhares de brasileiros no rol de leitores. Quanto mais o livro estiver ao alcance de todos os brasileiros, mais próximos estaremos do conceito inerente à sociedade do conhecimento, que caracteriza os povos verdadeiramente livres, soberanos e capazes de construir uma história vitoriosa.
*Empresária do setor editorial, é a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL)