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Número de pessoas em tratamento contra HIV/aids aumenta 13% em um ano no Brasil

Durante  o  lançamento  da  campanha,  o  Ministério  da  Saúde  apresentou  dados como  o  da  queda  da mortalidade  padronizada  por  aids  no  Brasil,  no  período  de  2003  a  2014

 

O Brasil tinha 81 mil pessoas tomando antirretrovirais no ano passado, 13% a mais do que em 2014. Os dados foram apresentados hoje (28) pelo Ministério da Saúde no lançamento da Campanha Nacional de Prevenção à DST/Aids para o Carnaval 2016, na quadra da Escola de Samba da Mangueira.

Segundo o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, antirretrovirais são medicamentos usados para impedir a multiplicação do vírus HIV no organismo. Eles não matam o vírus, causador da aids, mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico.

Nos últimos seis anos, o número de pessoas em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) praticamente dobrou, passando de 231 mil para 455 mil pessoas. O aumento da adesão aos medicamentos significa que a meta de supressão viral de 90% estipulada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) foi alcançada. Hoje, 91% dos brasileiros adultos vivendo com HIV/aids, em tratamento há pelo menos seis meses, já apresentam carga viral indetectável no organismo.

No entanto, a prevenção continua sendo a maior arma contra o avanço da doença. Com investimento de R$ 14 milhões, a campanha deste ano tem o slogan “Deixe a Camisinha Entrar na Festa”, com ênfase no uso do preservativo para prevenir doenças sexualmente transmissíveis.

O diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, explicou que, embora seja uma ferramenta fundamental na prevenção, a camisinha não é a única. “A estratégia hoje é a prevenção combinada. O teste periodicamente é muito importante, mas tem também a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que chamamos carinhosamente de pílula dos 28 dias seguintes. Todas essas ações em conjunto é que nos ajudarão a controlar a epidemia de Aids.”

A procura pela PEP aumentou muito desde que o acesso ficou mais fácil, em 2012. Mesquita ressaltou que o aumento não significa que as pessoas estejam substituindo a camisinha pelo tratamento. “A PEP é uma adição, não substitui a camisinha. São quatro comprimidos diferentes, é um medicamento pesado, que deve ser tomado por 28 dias, não é tarefa simples. Não há evidências, nem aqui, nem no restante do mundo, de que as pessoas façam substituição. A camisinha é muito mais simples”, afirmou o médico.

Ele adiantou que, em breve, o aplicativo para celular da PEP, com orientações sobre o uso e os locais onde se pode adquirir o medicamento, estará também disponível no sistema iOS. Hoje já existe no Windows e no Android.

 

“Dá vergonha comprar”

Morador da Mangueira, o estudante Douglas Lopes, de 16 anos, participou do evento com colegas do clube de futebol da comunidade. Ele e os amigos admitiram que não se previnem com frequência, apesar de saberem da importância do uso da camisinha para evitar doenças. “Dá vergonha comprar”, comentou.

“Alguns amigos dizem que é ruim no sexo”, acrescentou Douglas, que defendeu a realização de mais campanhas de esclarecimento e mais acesso a camisinhas nas escolas. “Não conheço ninguém com aids, mas conheço meninas da minha idade que engravidaram, porque não se preveniram”, disse o estudante.

O representante do Fórum ONGs HIV/Aids-RJ, Renato da Matta, cobrou das autoridades campanhas de conscientização constantes, e não apenas pontuais.”Porque a aids não escolhe data”, afirmou Matta. “Estados e municípios deveriam trabalhar com a informação o ano inteiro, pois a falta de informação ainda é um grave problema.”

SUS oferece 22 medicamentos gratuitos
 

O percentual de brasileiros vivendo com HIV diagnosticado passou de 80% em 2012 para 83%, em 2014. Apesar do aumento, o Ministério da Saúde diz que a epidemia está estabilizada, com cerca de 40 mil novos casos por ano. O SUS oferece gratuitamente 22 medicamentos para pacientes soropositivos, sendo 11 produzidos no Brasil.

As três metas de tratamento 90-90-90 da Unaids têm como objetivo testar 90% das pessoas vivendo com HIV e aids, tratar 90% destas e que 90% tenham carga viral indetectável até 2020 em todo o mundo.

A Profilaxia Pós-Exposição é um procedimento que evita a proliferação do HIV, caso o medicamento seja tomado até 72 horas após a exposição ao vírus, como nos casos de sexo desprotegido. De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, o ideal é que seja usado nas primeiras duas horas após a exposição ao risco. Ao todo, são 28 dias consecutivos de uso dos quatro medicamentos antirretrovirais previstos no novo protocolo (tenofovir + lamivudina + atazanavir + ritonavir).

Durante todo o ano passado, foram ofertados 42,3 mil tratamentos para PEP. Nesta quinta-feira, entra no ar, no portal do Ministério da Saúde, uma nova área sobre a PEP com informações customizadas para o usuário do SUS, profissionais e gestores estaduais e municipais de saúde. O conteúdo incluirá a lista das 515 unidades de saúde que ofertam a PEP.

 

Fonte: Agência Brasil