Rodrigo Assmann
Lucca Herzog
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Na terça-feira, 3, Santa Cruz do Sul foi o centro dos debates em torno da temática ESG (meio ambiente, social e governança) na região. A partir das 8h da manhã, iniciou-se a programação do evento ESG Experience: buscando novos valores para negócios, no auditório do Memorial da Unisc, e estendeu-se até a tarde. Promovido pela Associação Comercial e Industrial do município (ACI), junto com a Universidade de Santa Cruz, Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Sebrae/RS e o Grupo Gazeta da Comunicações, o encontro busca disseminar as práticas do ESG no meio corporativo.
Apresentações de palestras e de cases de empresas integraram a programação. Além do meio empresarial, o evento também sensibilizou a comunidade, aberto à participação do público em geral. Os três pilares do ESG – meio ambiente, social e governança – foram abordados nas atividades. “O objetivo é mostrar que ESG não é somente uma ação para grandes empresas. Mas sim práticas cada vez mais necessárias diante dos desafios gerados pelo impacto da ação do homem no meio ambiente, que podem fazer parte da rotina de médias e pequenas empresas”, destaca o presidente da ACI, Cesar Cechinato.
Abertura
A abertura do evento abordou a conjuntura envolvida em torno do tema, por meio de explanações da prefeita Helena Hermany; do presidente do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) e prefeito de Vera Cruz, Gilson Becker; da vice-reitora da Unisc, Andréia Rosane de Moura Valim e da palestra do professor Ricardo Voltolini, um dos primeiros especialistas em Sustentabilidade Empresarial do Brasil.
As chuvaradas que devastaram diversas regiões do estado no último mês, além de recentes eventos climáticos extremos no norte do país e ao redor do mundo – como as enchentes em Nova York e o calor intenso na Europa -, foram lembrados pela prefeita Helena Hermany, ao analisar que “a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente são tarefas que não podem mais ser adiadas”.
Em seu discurso, Helena afirmou que Santa Cruz do Sul é privilegiada por ter empresas que, há muito tempo, têm em seus pilares a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável, mas pontuou que ainda há muito a ser feito para a garantia de um futuro sustentável e equilibrado para as próximas gerações: “eventos como este são extremamente importantes para que saibamos conscientizar as crianças, que com certeza deixarão um planeta melhor do que a nossa geração deixou”.
Durante o evento, representantes do Cisvale, ACI, Afubra, Sinditabaco, Unisc e Prefeitura foram convidados a assinar o Protocolo de Intenções Pacto pela Valorização Ambiental Regional, que, conforme Gilson Becker, tem o intuito de convocar os 17 municípios que compõem o Cisvale a se somarem à causa.
ESG
ESG é uma sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português). Na prática, o termo ESG pode ser usado para dizer o quanto um negócio busca formas de minimizar seus impactos no meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas em seu entorno, além de manter os melhores processos de administração.
“O termo aparece pela primeira vez em 2004, como uma iniciativa do pacto global da ONU e do Banco Mundial”, explica o vice-presidente da OAB de Santa Cruz do Sul, Cássio Arend. “A partir da preocupação com temas como meio-ambiente, clima, paz e erradicação da pobreza, a ONU, em 2015, propôs o pacto global pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que visam o desenvolvimento sustentável e uma nova agenda para governos e corporações”. Em consonância, em 2020, pelo fórum econômico mundial, tratou-se de tentar mudar o capitalismo atual com a agenda ESG, que passa a ser uma agenda global, com relação direta com a perenidade e sustentabilidade dos negócios.
Palestra
Para a palestra de abertura do encontro, um nome de peso no cenário da sustentabilidade no âmbito nacional: Ricardo Voltolini, Presidente e fundador da Idea Sustentável e idealizador da Plataforma Liderança com Valores, um dos maiores movimentos de liderança para a sustentabilidade do Brasil. O especialista abordou a temática “Desafios e tendências de Sustentabilidade e ESG”, observando que a tendência capitalista agora é a ESG.
“É possível ser sustentável sem ESG, mas não é possível ser ESG e não ser sustentável”, explicou Voltolini. “O mercado vem querendo empresas mais éticas e respeitosas em relação às pessoas, e nunca houve tanta pressão”. O palestrante explicou que essa é a importância do capitalismo de stakeholder, de gerar valor para todos, e não apenas aos acionistas.
Segundo Voltolini, as mudanças são urgentes. Para ele, governos e corporações tem 7 desafios diante de si. Entre eles, estão a inclusão e a diversidade, a manutenção da saúde mental dos colaboradores, o relacionamento mais próximo com a comunidade, a descarbonização do meio ambiente e a reciclagem de resíduos. O palestrante deu vários exemplos de empresas que já empregam com sucesso a ESG, e sobre suas tendências corporativas, mercadológicas e ambientais. Com o lema do propósito afrente do lucro, lembrou de empresas que adotam essa política, como a IBM, o Carrefour e a Microsoft.
Voltolini destacou, por fim, a centralidade da consciência do papel dos líderes nessa nova agenda, que deve valorizar e buscar o desenvolvimento e o investimento nas pessoas, resumindo: “Não há empresa sustentável sem liderança sustentável; não há liderança sustentável sem cultura organizacional orientada por valores; não há essa cultura sem desenvolvimento integral do ser humano”.
