LUANA CIECELSKI
[email protected]
FERNANDO LIMA
[email protected]
Então é Natal. Hora de tirar do baú o disco da Simone. O Roberto Carlos prepara seu já “tradicional” especial de final de ano. As vitrines ficam enfeitadas e as lojas fazem ofertas. A Prefeitura organiza toda uma programação especial voltada para essa data. A empresa faz amigo secreto. A família também. É hora de confraternizar e supõe-se que todos estejam felizes. Todos estão no clima de Natal, não é mesmo? Bem, todos não! Para alguns não é bem assim.
Neste cenário de festa, algumas pessoas destoam dos demais atores parecendo ser apenas espectadores. Essas pessoas têm a companhia de um inimigo oculto, que muitas vezes se apresenta em contraponto a todas as comemorações: é a depressão de final de ano. E de acordo com a psicóloga Alessandra Steffens Bartz, não há uma idade para que isso aconteça. “A depressão de final de ano é mais comum em adultos, porém ela também pode surgir em crianças, principalmente naquelas que têm algum problema em casa e também em adolescentes, assim como nos idosos”, esclareceu.
A psicóloga explica que as causas podem ser as mais variadas, dependendo de cada pessoa, porém existem alguns motivos mais comuns: o fato de ser uma época de reflexão, é um deles. Nesse período, costuma-se fazer um balanço da vida. “A gente começa a refletir sobre as metas que se tinha no início do ano e as que foram atingidas e se o saldo foi positivo, tudo fica bem, porém se o saldo não foi muito positivo, as pessoas tendem a ficar deprimidas”, explica.
O segundo fator é o dos encontros familiares e de amigos, ou seja, as confraternizações. “Nesse momento, ficam muito em evidência as relações conflituosas que podem existir dentro da família, no trabalho. Há também aquelas famílias que recentemente perderam alguém, ou que perderam uma pessoa querida próximo ao Natal em anos anteriores. Dessa forma a data fica marcada e as pessoas não conseguem entrar naquele clima festivo”, aborda Alessandra.
Já o terceiro fator é o clima de vida perfeita, a alegria geral que se instala. Muitas pessoas compram e fazem planos, mas nem todas se encaixam nesse clima. “Esse é um ano especialmente propenso a depressões por causa da situação econômica que estamos vivendo”.
Como lidar
A palavra-chave quando se trata de depressão de final de ano é autoconhecimento. “É preciso observar se esse sentimento é momentâneo, se é um sentimento que vai passar depois, ou se é algo mais intenso, que pode ser um sinal de um transtorno depressivo que pode permanecer mesmo depois de passado o fim de ano”, aponta Alessandra.
Depois de identificado o baixo-astral, a pessoa precisa buscar estratégias para conseguir lidar com esse sentimento. “É preciso pensar que esse pode ser um momento de perdoar aquela pessoa com quem se desentendeu, o momento de comprar um presente legal para aquele familiar que tu não gosta muito e dessa forma se aproximar mais dele, conhecer outros lados dele, pode ser o momento de tirar CDs antigos do baú e levá-los à reunião de família para que todos se sintam mais animados”, exemplifica a psicóloga.
O importante mesmo é encontrar alternativas para tornar o Natal menos penoso. “O que não pode é se entregar. Se deixar permanecer abatido. É preciso fazer algo”, ressalta a profissional.
Se puder, evite-a
No entanto, a melhor forma de combate, é a prevenção. E de acordo com Alessandra, a melhor forma de se evitar essa depressão de fim de ano é adquirindo o hábito de se monitorar durante todo o ano. “É bom fazer um balanço durante o ano e não deixar para as últimas semanas do mês. Lá pela metade do ano você já pode ver o que fez e o que ainda quer fazer e correr atrás disso”, ensina Alessandra.