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Ninguém pode fugir do julgamento de sua própria consciência

A cada notícia nova a respeito do julgamento do mensalão eu fico de queixo caído com a estratégia dos advogados da antiga cúpula do PT que agem com astúcia para pôr o pé de meia dos réus a salvo. Os caras são muito bons! E, ainda que o povo brasileiro esteja otimista quanto à punição dos suspeitos que forem julgados culpados, depois da defesa alegar que as provas são anêmicas e que o mensalão é uma invenção, eu confesso que comecei a temer que esse julgamento possa acabar em pizza.
E digo mais, do jeito que a coisa vai, se o STF vacilar acabará tendo que pedir desculpas aos réus pelas acusações. “Não!”, você pode estar pensando, “isso não vai acontecer”. Tem certeza? Mesmo?  Então preste atenção às frases sarcásticas proferidas pelos defensores:
“Essa denúncia é um roteiro para novela das oito”. “Até a Carminha quer processar a Nina por formação de quadrilha”. E a frase mais apelativa de todas: “Geiza Dias era apenas uma funcionária mequetrefe das agências do Marcos Valério”.
Pelo que vejo, leio e ouço, parece que o poeta norte-americano Robert Frost estava certo quando escreveu: “Júri é um grupo de pessoas escolhidas para decidir quem tem o melhor advogado”.
No entanto, mesmo que algum dos acusados escape ileso diante de tanta putrefação moral, levará consigo o pior dos castigos: a consciência pesada. Ela o perseguirá, o acusará e exporá sua culpa diariamente. A consciência nunca o deixará em paz. Quando foi solicitado a um estudante que a ilustrasse, esse desenhou um cavalo galopando, perseguido por vespas. No rodapé escreveu: “Você corre em vão”. Por isso, é preciso alertar os políticos de que uma consciência tranquila ainda é o melhor travesseiro.
Em certa ocasião, anos atrás, ao sair de uma quadra de futebol, engatei a marcha ré no carro e bati violentamente contra a porta de uma Ford Pampa estacionada no outro lado da rua. O primeiro pensamento que veio à minha cabeça foi: “Saia daí que ninguém está vendo”. Logo em seguida a voz da consciência falou dentro de mim, me impelindo a fazer o que era correto: “Ninguém está vendo, mas você está vendo!”.
Não pensei duas vezes: retornei ao ginásio atrás do motorista da camionete, deixei meu cartão e pedi que me procurasse no dia seguinte. Ele entrou em contato, paguei o reparo da porta e mantive minha consciência limpa.
E você, há algo que às vezes lhe tira o sono? Liberte-se desse fardo, pois ninguém pode fugir do julgamento de sua própria consciência.