Luciana Mandler
[email protected]
O leite é considerado um alimento completo. Tem cálcio, é rico em proteína e contém diversos nutrientes, entre eles, magnésio e vitamina B12, que contribuem para a redução de doenças. Não é à toa que tem um dia voltado para ele. No dia 1º de junho, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) celebra o Dia Mundial do Leite.
Além de ser um importante alimento para estar inserido no cardápio alimentar de todo ser humano, a bovinocultura de leite está presente em todos os municípios. Dados do Censo Agropecuário 2017 apontam que no Brasil há 1,1 milhão de propriedades leiteiras. Juntas, produzem cerca de 35 bilhões de litros de leite por ano, segundo levantamento do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019.
Em Santa Cruz do Sul são 195 produtores de leite, que produzem anualmente aproximadamente 10.900.000 litros, de acordo com o técnico em agropecuária da Emater local, Vilson Piton. Entre eles está Davi de Moraes Gass, de 40 anos, que desde 2004 iniciou a criação de gado holandês e gradativamente foi investindo e aumentando.
Hoje, na propriedade localizada em Travessa Fritzen, em Linha Cerro Alegre Alto, interior do Município, Gass tem um rebanho total de 134 cabeças de gado, que são desde vacas, novilhas, vacas secas (que estão fora do período de lactação) e bezerros. Atualmente, 60 vacas estão produzindo leite, o que gera uma média de 1.860 litros por dia.
Agora, no inverno, a projeção é de que a produção aumente, pois o rebanho se alimenta melhor. Outro fator que contribui para uma boa produtividade na propriedade de Davi é a criação por confinamento.
Há 14 meses, devido à propriedade ser pequena e não estar mais comportando o pasto, o agricultor optou por confinar as vacas. Antes de iniciar este processo, a produção era de cerca de 24 litros/ dia por cabeça. “Desde que começamos com confinamento chega até 33 litros/ dia por cabeça”, comemora.
O galpão de confinamento chamado de Compost Barn possui 1.380 metros quadrados, e durante todo o dia o rebanho permanece no local, podendo comer e beber água na hora que quiser, assim como dormir. Gass conta que duas vezes por dia revira a cama, o composto que se forma vira adubo para propriedade.
A ordenha também ocorre duas vezes por dia, sempre às 5h30 e às 17h30. O rebanho recebe duas vezes por dia comida em um cocho de concreto junto ao galpão de confinamento.
Para o criador de gado leiteiro, o leite se desenvolveu em Santa Cruz devido ao apoio da Cooperativa Languiru. “Antes de ela entrar, a produção do leite era quase insignificante. Depois que a Languiru começou a apoiar os produtores, dar assistência técnica e reconhecer é que tivemos uma alavancada boa no Município”, avalia.
PAGAMENTO
Os cuidados com o rebanho são primordiais para que a produção seja rentável. Em relação aos pagamentos, a cada ano há uma nova perspectiva. De acordo com o técnico da Emater, Vilson Piton, a expectativa para este ano é que os valores remunerem os produtores para que possam realizar investimentos na atividade leiteira. “O que é preocupante são os custos de alimentação como a ração, porque a matéria-prima para a produção da mesma, milho e soja, estão muito valorizados no mercado”, reflete.
Segundo Gass, no ano passado, nessa época, o valor pago para o produtor era entre R$ 2,20 e R$ 2,30 por litro de leite. Em setembro de 2020, o valor chegou a R$ 2,40. Neste ano, desde janeiro o valor está estável, na média de R$ 2,17. “Em conversa com a cooperativa, esperamos três aumentos neste inverno: em maio, junho e talvez julho”, revela otimista.
De forma geral, Vilson Piton diz que no período de pandemia não houve muitas alterações na produção, seguindo normalmente. Já em relação ao valor pago pelo litro, Piton reforçou que varia muito de cada propriedade, sistema de produção e empresa que o produtor comercializa.