Luciana Mandler
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Violar os direitos de pessoas idosas é crime conforme previsto no Estatuto do Idoso. Entre as principais violências sofridas pelo idoso estão negligência, violência física e psicológica e abuso financeiro. Se engana quem acredita que esses tipos de violação não existem mais. Pelo contrário, ainda são cometidos e muitas vezes pelos próprios familiares, e em alguns casos por desconhecidos.
Neste ano, de janeiro a maio, o Centro de Referência Especializado da Assistência Social de Santa Cruz do Sul (Creas) fez um levantamento que apontou 72 idosos em acompanhamento. Em 2020, 204 idosos foram acompanhados, e em 2019, 226. No ano de 2018, o número era menor, foram 176 idosos em acompanhamento.
Em Santa Cruz do Sul, as denúncias apontam que o tipo de violação contra os idosos com o maior número de casos é a negligência, que é física ou financeira, segundo a presidente do Conselho Municipal do Idoso (CMI), Maria Raquel Fagundes. “Nesse sentido, o Creas trabalha em parceria, através das demandas que são encaminhadas via Ministério Público. Por meio das notificações vão atrás”, explica.
Para alertar sobre as violações contra essa parte da população, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Dia Mundial da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, ocorrido nesta semana, mais especificamente na terça-feira, dia 15.
“Em tempos de pandemia essa data ganha ainda mais relevância devido ao aumento das denúncias, de crimes contra as pessoas que estão fragilizadas, sofrendo negligência, abandono, abuso, violência física e psicológica”, reflete. “Uma pessoa idosa merece todo o nosso respeito. Mas, infelizmente, nem todos pensam assim e não é à toa que teve que se criar o dia mundial da conscientização”, lamenta.
Maria Raquel entende que alguns fatores explicam esse aumento nos números de casos de violência contra a pessoa idosa: “vai do aumento da população idosa; do encorajamento de realizar denúncias; e o terceiro fator que veio ano passado com a pandemia de Covid-19, que foram as medidas de isolamento social, que levou os idosos a passarem mais tempo em casa e com os agressores. Prova disso é o aumento no número de denúncias através do Disque 100 – que funciona 24h e preserva a privacidade do denunciante”, aponta.
Embora já mencionado anteriormente, a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Maria Raquel Fagundes, reforça o que seria a violência contra o idoso. Ela cita em primeiro lugar a violência física, “que incluem abuso e maus-tratos físicos como empurrões, socos, entre outras formas de agressões”, exemplifica. “Tem a negligência, o abandono, que também são formas de violência por parte dos familiares ou por parte das instituições de assistência aos idosos. Os cuidados de higiene, frio, fome ou calor”, alerta.
Outro tipo de violência praticada é a econômica. “Familiares, conhecidos ou até mesmo desconhecidos fazem uso indevido do dinheiro e dos bens adquiridos com o suor de uma vida inteira do trabalho do idoso”, sublinha.
Apesar de ainda existirem casos de violação ao direito dos idosos, é importante que as pessoas como um todo saibam da importância e da colaboração que essa parte da população deu para a sociedade. “Hoje podemos fazer muitas coisas para demonstrar carinho, respeito, amor e consideração a um idoso”, diz. “Em junho, em alusão ao dia da conscientização, o mês inteiro é dedicado à proteção da pessoa idosa”, acrescenta.
De acordo com Maria Raquel, o dia 15 de junho serve para lembrar e repudiar todo ato de violência cometido em desfavor da pessoa idosa e que a sociedade em geral deve estar atenta para as diversas formas de violência contra essa parte da população. “Reforço que é bem importante denunciar os casos, que em grande parte ocorrem dentro do próprio ambiente familiar do idoso”, conclui.