Lucca Herzog
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A 34ª Feira do Livro chega, como em todas as suas edições, com muitas atividades e atrações literárias. São contações de histórias, encontros com escritores e conversas sobre o mundo da leitura. Entretanto, a leitura vai além do livro. Sem, muitas vezes, percebermos que o fazemos, lemos a natureza ao nosso redor, o nosso cotidiano, as conversas, as pessoas e os seus diversos gêneros de manifestações – ou manifestos – antropológicas e artísticas. Complementando essas possibilidades, a Feira oferecerá, ao segundo dia de sua programação, a oportunidade de perceber, sentir e ler a música.
Às 19h30 deste sábado, 6, ocorre, na Praça Getúlio Vargas, a apresentação de Buda e a Santa Batucada, grupo que mistura os ritmos e as influências da música americana do Soul, do Funk, do Rock e do R&B com as raízes do Samba, do Baião, do Afoxé e, recentemente, por meio da introdução do acordeom de William Bender, da música gaúcha. Liderado pelo carioca Gustavo Acioli, o conjunto é composto por Leo Schwengber (guitarra), Tifhany (baixo) e Gabi Santos (Vocal). A novidade está na percussão, que conta agora com cinco ritmistas da bateria da escola de Samba Acadêmicos do União. Ao total, serão 10 músicos no palco.
Gustavo Acioli, que também atua como escritor e roteirista, iniciou o projeto quando se envolveu com a Feira no ano passado, ocasião em que lançou seu primeiro romance. “A Feira do Livro está proporcionando a realização de um sonho meu”, revelou ele. “Eu tenho esse trabalho como compositor, há muito tempo. É um trabalho de uma vida inteira, e sempre tive esse sonho de, na parte de percussão, ter uma “mini bateria” de escola de Samba. Eu saí na bateria da Acadêmicos do União esse ano, e os caras são muito bons músicos. Me entrosei muito bem com todos eles, e daí eu propus pra Feira do Livro fazer esse show”.
Segundo Acioli, a apresentação será uma obra original, resultado de suas composições e inquietações artísticas. “Eu nunca consegui me adequar a um gênero, nunca consegui ficar satisfeito de estar tocando um gênero, Eu sempre trabalhei com a mistura, e o repertório é todo autoral. Minha principal referência em relação ao repertório são os próprios músicos, que cantam as músicas fora do ensaio. Me dizem que se pegam cantando as músicas, e já me avisaram que vão tocá-las nos seus próprios trabalhos por aí”, contou. Olhando para suas origens, entende-se melhor a posição do artista, que cresceu atento às diversas riquezas da música. “Eu sou do Rio de Janeiro, então a cadência do Samba, a divisão do Samba, ela subjaz na minha música. Eu sou um cara que tem uma influência muito grande da música negra americana dançante, e muita influência da música nordestina do Baião. Mas o Samba é a matriz da minha música, por eu ser carioca, do subúrbio do Rio de Janeiro. Sou criado entre a Mangueira e a Portela, então era um sonho ter uma bateria de escola de Samba brincando com o swing do Funk, do Soul”, explicou Gustavo.
E foi em Santa Cruz, por fim, que encontrou a oportunidade de realizar esse sonho. “Estou felicíssimo, sou super grato à Feira do Livro por estar me proporcionando essa oportunidade. Vai ser um showzão, porque os caras arrasam na bateria, os outros músicos são excelentes. Estou morando apenas há um ano em Santa Cruz. É uma cidade que tem grandes músicos, e eu montei um timaço. Vai ser um show dançante, do início ao fim”, finalizou ele, convidando todos.