Jéssica Ferreira
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Realizada na última sexta-feira, a Assembleia Geral dos professores estaduais ocorreu no Gigantinho em Porto Alegre. O encontro resultou na decisão do Cpers/Sindicato em se desfiliar da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Em entrevista ao Riovale Jornal, o diretor do 18º Núcleo do Cpers/Sindicato, Renato Aldo Müller, comentou sobre essa separação e sobre as definições tomadas a partir da Assembleia. Que, segundo ele, não foram priorizadas por seus colegas no dia, e com isso foram poucas as reivindicações levadas até o Palácio Piratini ao final da Assembleia. “Inicialmente não foi definida muita coisa, havíamos trabalhado em mobilizações pelas escolas que visitamos aqui na cidade, e com isso elaboramos para o dia uma pauta com 21 itens a serem discutidos, sendo que os outros núcleos formaram outros itens a serem pautados também”, comenta Müller. “Na pauta foram colocados todos os anseios, como salário e remuneração, além de manutenção de Plano de Carreira, previdência e saúde do trabalhador, dentre outras reivindicações”, acrescenta.
Porém, o principal foco da Assembleia foi a desfiliação do Cpers da CUT. As reivindicações não foram debatidas como era esperado. “A maior parte do tempo foi falado que a CUT não representa o Cpers, mas o que deveria ser visto com prioridade foi deixado pra falar depois, no restante do tempo da Assembleia”, conta o diretor. “O que deveria ser priorizado em ênfase na pauta, por exemplo, é a questão salarial. Saber o que o governo irá nos responder sobre isso, pois estamos conversando em alto nível sobre o assunto e agora não queremos ficar apenas nas conversas, e sim saber como será respondido sobre o reajuste de 13,1% do piso com mais os 34,67% que ficaram pendentes do governo passado”, afirma.
Em relação à separação da CUT, uma grande maioria afirmou que as intervenções da mesma, diante dos movimentos do Cpers/Sindicato, eram inócuas e atrapalhavam os avanços nas negociações com o governo. Já outra parte da categoria pensa o contrário e afirmou que vai ocorrer o enfraquecimento do Cpers com essa decisão. Para Müller, o foco deveria ter sido outro, porque em relação à CUT, estava sendo feito um trabalho de representatividade. “Se a CUT não nos representa, eu questionaria saber quem representa para os que foram contra. Posso dizer que nesse momento acredito que a CUT não irá nos abandonar, pois essa semana há o risco de ocorrerem mudanças no Congresso Nacional sobre as leis trabalhistas. E, caso ocorram, certamente a CUT estará lá reivindicando os nossos direitos”, argumenta.
A CUT, juntamente com os principais movimentos populares do país, mobiliza-se na defesa dos direitos dos trabalhadores, pela Constituinte da reforma política, pela regulação e democratização da mídia, em defesa da Petrobras e da democracia no país.
Além das reivindicações referidas por Müller, também esteve presente na pauta encaminhada ao governo, a manutenção do IPE público de qualidade e a ampliação dos serviços, com a garantia de paridade e integralidade entre os ativos e inativos. Outra reivindicação é sobre as condições de trabalho, abrangendo as horas de atividades e condições de segurança, garantindo as necessidades estruturais específicas às escolas.
Após a Assembleia, as decisões pautadas foram enviadas para o Governo do Estado para serem analisadas e encaminhadas as respostas para todo o núcleo de professores e funcionários de ensino.
Jéssica Ferreira
Neusa Stoelbenn, vice-diretora, e Renato Müller, diretor do 18º Núcleo do Cpers: “CUT não irá nos abandonar”