Nelson Treglia
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Ser campeão mundial é uma das maiores honrarias do esporte. Grandes nomes chegaram a esta façanha. O Brasil, com Pelé, Garrincha, Ronaldo, Romário e outros craques, chegou ao pentacampeonato no futebol. No basquete masculino, Amaury e Rosa Branca estiveram entre os destaques da Seleção bicampeã em 1959 e 1963. No feminino, Hortência e Paula foram os símbolos no título de 1994. Sem falar de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna, que trouxeram oito títulos da Fórmula 1 para nosso país. Tanto no vôlei masculino quanto no feminino, o Brasil celebrou diversas vitórias com Paulão, Maurício, Giba, Gustavo, Paula Pequeno, Fabi e Sheilla, entre outros jogadores e jogadoras excepcionais.
Neste mês de março, o Brasil, o Rio Grande do Sul e Santa Cruz do Sul ganharam um novo campeão mundial: Maurício “Big” Castilho. Depois de muitos anos de treinamentos, aprendizado e muito suor, “Big” é campeão mundial de Muay Thai, uma arte marcial surgida na Tailândia séculos atrás, e que ganhou repercussão internacional no século 20. O título foi atingido lá mesmo em Bangkok, capital da Tailândia (categoria Pro Am +91kg), em um feito verdadeiramente extraordinário, que deveria orgulhar a todos os brasileiros. Afinal, se o Brasil enfrenta tantos problemas no espectro social e político, não é novidade que o esporte seja um motivo para elevar o autoestima nacional. Fundamentalmente, para mostrar que nós, brasileiros, temos capacidade de fazer coisas muito boas.
E foi isso o que “Big” fez. Milhões e milhões de brasileiros, por anos a fio, acordam todos os dias para fazer do Brasil um lugar melhor. O lutador Maurício “Big” Castilho é um ótimo exemplo dessa força que o país tem. Aprendeu a arte marcial tailandesa, muitas vezes investindo em treinamentos realizados no país que criou o Muay Thai, para enfim chegar ao ápice: o topo do mundo.
ANOS DE SACRIFÍCIO
“Big” Castilho continua trabalhando para se aprimorar. Direto da Tailândia, onde mantém seus treinamentos pós-competição, o novo campeão do mundo conversou com o ‘Riovale Jornal’ via Facebook. Com a simplicidade que o caracteriza, “Big” começou a conversa com uma expressão singela: “E aí, tudo certo?” Logo em seguida, ele nos trouxe suas primeiras impressões a respeito do título: “Graças a Deus, saí campeão mundial em Bangkok, em uma luta contra o atleta da Rússia. Esse evento eu disputei pela quarta vez e, nas vezes anteriores, tinha ‘batido na trave’. Agora eu tinha vindo disposto a ganhar o título. Eu ganhei do atleta da Rússia por pontos”.
O lutador dirige a Academia Big Fighters, onde repassa seus ensinamentos aos santa-cruzenses. Ele acredita que a conquista em Bangkok será muito importante para sua academia. “Esse título é um resultado que levo para o esporte do Brasil, para o esporte do Rio Grande do Sul e para a nossa cidade. É algo que alavanca ainda mais o trabalho da Big Fighters”, garante. “Big” Castilho lembra que, oito anos atrás, já projetava a conquista do Mundial: “É um trabalho de anos. Eu lembro que, em 2009, foi o ano que eu disse que eu seria campeão mundial. Fui campeão brasileiro pela primeira vez em 2011. Esse Mundial fez valer esse sacrifício, todos esses anos de batalha, de conquistas, buscando campeonatos gaúchos, nacionais, pan-americanos, para vivenciar o que estou vivenciando hoje”.
O santa-cruzense valoriza o trabalho realizado na Ásia como forma de aprimorar o Muay Thai em nossa cidade: “Como de costume, venho antes para estudar e treinar, porque a Tailândia é o berço da modalidade. Todo esse treinamento que a gente faz na Tailândia, eu levo para Santa Cruz e para a Big Fighters, onde a gente pode passar esse conhecimento, repassar essa experiência para nossos alunos. Para todos os alunos que buscam um treinamento físico e querem ser campeões dentro da Big Fighters”.
Ao longo dos anos, o lutador de Santa Cruz tem viajado para a Tailândia, para a disputa do Mundial e a realização de treinamentos. Mas ele sempre lembra do apoio que tem recebido da comunidade santa-cruzense, consciente de que vai trazer muito conhecimento, em retribuição ao respaldo que tem recebido na terra da Oktoberfest. “Toda a torcida, todas as inúmeras mensagens, toda a energia positiva que recebi de Santa Cruz e região, de tantos amigos e conhecidos, e daqueles que são a favor do meu trabalho, foi o que me impulsionou a alcançar essa conquista. Grato demais por toda a comunidade de Santa Cruz, que vem me abraçando, que vem me empurrando para que eu possa ter excelentes resultados em âmbito esportivo. Essa conquista é minha, é da Big Fighters, é de todos os santa-cruzenses. Levo o cinturão para toda Santa Cruz. Graças a Deus, depois de tantos anos de batalha, a gente consegue ser campeão mundial”, celebra o lutador.