Do mesmo modo que o Outubro Rosa pinta de rosa prédios e monumentos a fim de chamar a atenção para o câncer de mama, o Movember convida os homens a deixarem o bigode crescer ao longo do mês de novembro, como uma brincadeira capaz de abrir espaço para um bate-papo sobre as doenças masculinas.
O movimento surgiu em 2003, na Austrália, com o objetivo de conscientizar os homens sobre o câncer de próstata e alertar sobre a importância dos cuidados com a saúde. O termo Movember é uma junção das palavras da língua inglesa moustache (bigode) e november (novembro). Em 2011, perto de um milhão de pessoas abraçaram a causa em todo o planeta.
O câncer de próstata só não mata mais do que o câncer de pulmão. A morte ocorre, em média, 12 anos após o seu início. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) a doença ataca mais os homens que o câncer de mama ataca as mulheres. Mesmo assim a população masculina costuma rastreá-lo somente após sentir dor. Medo (ou vergonha) do exame de toque retal? Talvez.
Eu tive problemas na próstata ainda jovem, com vinte e poucos anos. E, como um dos sintomas da minha doença, além da disúria e do mal-estar, era o aumento da frequência urinária, eu “pagava os pecados” cada vez que tinha que pegar um ônibus sem toalete. Só quem passou por situação semelhante sabe como me sentia. Para você ter uma ideia eu costumava urinar menos de meia hora após ter urinado. E tinha de me levantar quatro, cinco, seis vezes durante a noite.
Certa vez peguei o ônibus da empresa São João em frente à casa dos meus pais, na BR 290, no município de Caçapava e, alguns poucos quilômetros depois deu uma súbita vontade de urinar. O ônibus não possuía toalete a bordo. Fiquei nervoso e comecei a suar frio. Foi um deus nos acuda! Cheguei à rodoviária de Cachoeira “quase vivo” como costumo dizer.
Mas o Movember não sugere atenção apenas à prevenção do câncer de próstata. O movimento também serve de estímulo para se discutir sobre outras enfermidades como a depressão, o câncer de testículos e a disfunção erétil. E aqui em Caxias a iniciativa tem grande aceitação.
Então, amigo leitor, mesmo que não queira aderir à causa de deixar o bigode, eu espero que minha experiência sirva de estímulo para que você se conscientize da necessidade de procurar um médico regularmente. Prevenir é melhor que remediar.