Ricardo Gais
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A chegada das vacinas contra a Covid-19 não significa que a rotina já pode voltar ao normal. Ao longo das últimas semanas foi constatado o aumento significativo de aglomerações em pontos movimentados da cidade, como na Avenida Castelo Branco e na Rua Pereira da Cunha e mediações, no Bairro Arroio Grande, próximo de uma distribuidora de bebidas. Durante os fins de semana, a rua fica cheia de pessoas, que se aglomeram para ingerir bebida alcoólica e ouvir som automotivo. Tal situação chegou, a pedido dos moradores, à vereadora Nicole Weber (PTB), que entrou em contato com a Secretaria de Segurança, Transportes e Mobilidade Urbana e aguarda por uma solução.
Em contato com os responsáveis pela Guarda Municipal, o coordenador Éberson Pereira Gonçalves disse que as pessoas se aproximam uma das outras, junto de seus veículos automotivos, em números na maioria das vezes inferior a 20 pessoas, mas os veículos não ficam estacionados próximos uns dos outros. “Os veículos ficam a uma distância de mais ou menos um metro um do outro. A lei vigente de número 10.739 de 27/10/2020, estabelece aglomeração o agrupamento de 20 ou mais pessoas não coabitantes. Isso dificulta a aplicação de autuações por aglomeração no local”, ressaltou o coordenador.
Apesar do decreto em vigência não configurar tal situação como aglomeração, o local, nas madrugadas dos fins de semana fica lotado, atrapalhando até o trânsito, pois veículos e pessoas transitam nos dois lados da via, atravessando em meio aos carros que por ali passam. Outra situação incômoda é o lixo que fica após todos irem embora, relatam moradores da região, que preferiram não se identificar.
“A junção de pessoas já inicia na terça-feira, mas é na quinta, sexta e fim de semana que a situação piora, pois o número de pessoas presentes no local é muito grande”, disse uma moradora. Eles também relatam que produtos ilícitos e bebida alcoólica são consumidos, além da perturbação de sossego com o som alto e barulho de motos na rua. Sobre a fiscalização, os populares contam que é raro a Guarda Municipal aparecer por conta própria e quando os moradores ligam, o agente municipal diz que não há viatura disponível ou que é dever da Brigada Militar fazer essa fiscalização.
Outro local que recebia muitas pessoas era a Praça da Bandeira, mas com a força-tarefa da Guarda Municipal e Fiscalização de Trânsito, o número de frequentadores diminuiu, assim, evitando as aglomerações.
Solução
Éberson Pereira disse que aguarda o novo decreto municipal. A Guarda Municipal, inclusive fez sugestões como a restrição no horário de estacionamento no entorno da referida distribuidora, o que deve facilitar na realização de fiscalização por parte do Poder Público municipal, no sentido de diminuir a incidência de pessoas agrupadas junto à Castelo Branco, por exemplo. “Caso essas ponderações sejam acatadas no novo decreto, faremos força-tarefa juntamente com a Fiscalização de Trânsito e Brigada Militar”, destaca.
Já o coordenador do Departamento de Vigilância e Ações em Saúde, Luciano Nunes Duro, disse que estão ocorrendo reuniões junto com a Guarda Municipal e Brigada Militar para que ações ocorram em conjunto com o objetivo de solucionar essas situações. “A Vigilância fiscaliza mais os estabelecimentos. A questão das aglomerações é bem complexa e dificulta a fiscalização. Pedimos para que as pessoas se conscientizem em nome da saúde e evitem essas situações”.
“Era um local tranquilo, mas virou o pesadelo”
Na família de Simone Garcia, 34 anos, e Márcio Graff, 43, a perturbação sonora e a aglomeração em frente à casa causam medo e atrapalham a rotina, ainda mais dos dois filhos pequenos. Simone conta que no local, principalmente nos fins de semana, muitas pessoas ficam na rua, em frente à sua casa, ouvindo música alta, ingerindo álcool e usando entorpecentes. “A fumaça, com o vento, entra dentro da nossa casa e isso é chato e incomoda. Tenho parentes que não querem me visitar, pois eles têm medo de ocorrer alguma briga aqui na frente ou até tiros”, desabafa.
Márcio revela que a família mora há um ano no local, e desde que as aglomerações iniciaram se tornou cansativa a situação. “Nos mudamos pra cá por ser um local tranquilo, mas o nosso sonho virou um pesadelo”, lamenta. Simone complementa que acorda às 3h para ir trabalhar e que não consegue dormir direito. Ao sair de casa, o pessoal está sentado na calçada bebendo. “Eu queria que o pessoal comprasse sua bebida e fosse para suas casas, porque é todo dia gente estranha na frente da minha casa. Isso incomoda, não consigo nem sentar na frente de casa para tomar chimarrão e devido à música alta não podemos nem conversar”, lamentou Simone.