Alyne Motta – [email protected]
A cada nova semana, a expectativa é a mesma. Será que vai haver nova oficina? E assim, de dia após dia, de espera em espera, que as detentas do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul vão passando seus dias. Das 23 encarceradas, a maioria participa de oficinas culturais.
As mesmas são oferecidas, semanalmente, pelo Departamento de Cultura, da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. De acordo com a coordenadora de Cultura, Marli Silveira, a atividade é uma forma das detentas se integrarem com a sociedade que as cerca e, muitas vezes, as reprime.
Alyne Motta
Aulas de dança são formas das detentas extravasarem seus sentimentos
“Se elas estão aqui, é porque estão pagando pelo crime que cometeram, mas não significa que precisem ser discriminadas”, comenta Marli. “As oficinas é uma forma de ligarem-se ao mundo fora do presídio”, acrescenta. Mas mais do que ligarem-se à rua, é uma forma de desenvolverem habilidades.
“Elas descobrem talentos que nem imaginavam ter”, afirma o diretor da unidade prisional, Bruno Pereira, satisfeito com os resultados, que também estão sendo observados no comportamento cotidiano das detentas. “Elas passaram a ter uma relação melhor entre si”, complementa.
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O artista plástico Alceo de Costa ensinou desenho para detentas
ATIVIDADES
As oficinas iniciaram no mês de maio, com aulas de textos e poesias, resultantes na revista Nua e Crua. A publicação terá o lançamento oficial na Feira do Livro e, posteriormente, no Presídio. “Ter o material produzido pelas detentas é mais uma forma de socialização”, explica Marli Silveira.
E as aulas não param por ai. Durante todo o mês de junho, as presas vão participar de diversas oficinas de desenho e dança. “Quando as pessoas vêm aqui para fazer atividades conosco, acabamos esquecendo que vivemos num presídio e pagamos pelos nossos atos”, comenta uma das detentas.
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Em cada traço desenhado, a expressão de sentimentos
Para o artista plástico Alceo de Costa, responsável por ministrar as aulas de desenho, é gratificante ver o resultado. “O desenho permite a comunicação e expressão dos sentimentos, e dar esta oportunidade, é fundamental para a ressocialização delas”, garante.
No segundo semestre, outros projetos estão sendo previstos pelo Departamento de Cultura. “Nosso foco é oferecer oficinas culturais, buscando um resultado efetivo”, descreve a coordenadora Marli. Atualmente, o Presídio Regional mantém 23 mulheres presas, em duas celas.