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Mobilização | Residentes da Várzea e Navegantes reuniram-se para esclarecer dúvidas e discutir a ideia de mudança

Eles não querem deixar o bairro onde tem memórias e apego, pois para eles há solução para conter as enchentes no local

Moradores lotaram o salão Gigante em busca de respostas para suas angústias pós enxurrada
Clarice Pacheco

Clarice Pacheco
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Uma mobilização dos moradores dos bairros Várzea e Navegantes lotou o salão Gigante, que fica à Rua Irmão Emílio, no bairro Várzea, na noite da última sexta-feira, 17. Os organizadores do encontro foram a empreendedora e moradora do bairro, Caroline dos Santos, juntamente com outros moradores, e o presidente da associação dos moradores do Navegantes, Anderson Odilo Raasch, que também é representante de todos os bairros no Comitê do Cinturão Verde. Eles convidaram vereadores e secretários municipais, assim como o geólogo e ex-prefeito José Alberto Wenzel para buscar esclarecimentos sobre as questões que envolvem os bairros após a enxurrada do final do mês de abril, que causou estragos e muitas perdas para todos os moradores daquela região. Todos já haviam se manifestado contrários a saída dos seus bairros durante a audiência pública, que discutiu o projeto de alteração do Plano Diretor, que ocorreu no início de novembro de 2023. Na ocasião já colocavam sua preocupação com as enchentes.

Na sexta-feira, os moradores foram se revezando para falar que não querem ser removidos, que precisam é de melhorias nas ruas e nos bairros. Todos foram enfáticos em dizer que precisa é investimento e obras no lugar, e não a retirada dos habitantes. Outra queixa foi que muitos não estão sendo atendidos pela Defesa Civil, já que estão com suas casas com risco de desabamento. Entre os moradores estava o presidente da Associação dos Moradores do bairro Várzea, Alcindo Vanderlei da Rosa, que tentou fazer uma rápida prestação de contas do que ele vinha fazendo pelo bairro, mas não chegou a terminar sua fala, pois os moradores o interromperam já que haviam pedido ajuda a ele, quando ocorreu a enchente, e não receberam apoio.

Segundo Anderson Raasch, os moradores do Navegantes queriam ali apenas tentar resolver os problemas que surgiram com a enchente, pois a grande maioria tinha só uma casa gelada e molhada ainda para passar a noite. “Por isso, precisamos de respostas para as perguntas que entregamos a cada um de vocês, que são nossos representantes na Câmara de Vereadores e na Prefeitura”, disse. Ressaltou que no seu bairro não existem casas invadidas. “Todas são pessoas trabalhadoras que compraram com sacrifício, ou alugam, e todos pagam IPTU”. Ele ainda destacou que as próximas chuvas devem chegar mais fortes e que, possivelmente, vai alagar tudo de novo. “Não existe mais a taipa que segurava a água. E vai alagar muito mais. Precisamos resolver isso, e tem como resolver. Me coloco a disposição para acompanhar os senhores e mostrar o que existe e o que pode ser feito”, enfatizou.

Já Caroline afirmou que se mobilizaram para fazer a reunião porque estavam se sentindo desassistidos e sem representatividade perante o poder público. “Estávamos tentando, mas não conseguimos acessar o presidente da associação desde o dia 30 de abril, quando a água tomou conta do bairro”, contou. Segundo ela, todos tinham muitas indagações, que surgiram após a enchente. Eram dúvidas sobre a distribuição dos benefícios, sobre as doações, também quais serão as ações que os poderes executivo e legislativo irão apresentar para minimizar os impactos deixados pela catástrofe natural histórica. Ela ainda falou que os moradores dos bairros Várzea e Navegantes estão unidos e empenhados para em conjunto com o poder público buscar melhorias para os bairros e mais qualidade de vida para os moradores. “Os dois bairros formam um dos maiores da cidade em extensão e abriga muitas empresas, por isso todos nós queremos poder dormir tranquilos em dia de chuva”, ressaltou Caroline.

Também os secretários de Segurança e Mobilidade Urbana e Defesa Civil, José Joaquim Dias Barbosa; Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Simone Schneider; Planejamento e Governança, Karianne Pacheco; Desenvolvimento Social, Priscila Froemming e de Habitação e Regularização Fundiária, Marlon Bairros da Silva, foram se alternando ao microfone para esclarecer as dúvidas e dizer que seus gabinetes estão de portas abertas para receberem a todos e as demandas que precisam. Igualmente se pronunciaram os vereadores Edson Luis de Azeredo (PL), Professor Cleber (União Brasil), Rodrigo Rabuske (PL), Leonel Garibaldi (Novo), Raul Fritsch (Republicanos), e Carlão Smidt (Novo). Já a vereadora Nicole Weber (Podemos) e o vereador Serginho Moraes (PL) mandaram seus assessores, devido ao impedimento de estarem presentes.

Perguntas que precisavam de respostas dos secretários e vereadores

Programa Social:
1 – Prefeitura tem algum programa social para moradores atingidos?
2 – Qual canal ou órgão responsável pelas informações mais rápidas e precisas sobre os programas sociais do governo federal e RS? Será só para Cadúnico?
3 – Existe alguma ajuda como cesta básica nos próximos meses?
4 – Entrega de móveis tem previsão de entrega?
5 – Relação a dengue será feita alguma ação no bairro visto a quantidade de mosquitos e água parada?
Aluguel social:
1 – Quem tem direito?
2 – Por quanto tempo?
3 – As casas das pessoas que aceitarem o aluguel serão demolidas?
4 – A avaliação da defesa civil é feita em toda área do bairro Navegantes ou é por casa individual?
5 – Prefeitura vai auxiliar com relação as imobiliárias, visto que muitas não aceitam aluguel social, e a maioria dos valores de aluguel é muito superior aos R$ 800,00 ofertado?
6 – Sobre isenção da conta de água por 2 meses tem que fazer algum cadastro?
Melhorias das Enchentes
1 – Quais obras previstas para o bairro, visando terminar, corrigir ou amenizar as enchentes?
2 – Tem algum estudo geográfico em andamento com relação as cheias?
3 – Será feita alguma limpeza nos bueiros, visto a quantidade de lodo que veio com a água?
Remoção dos Moradores do bairro Navegantes e Várzea
1 – Para quais as áreas que a prefeitura pensa em remover os moradores?
2 – Vai ter alguma avaliação do imóvel?
3 – A saída é obrigatória? E quem se recusar a sair?
4 – Qual será o tamanho da casa?
5 – Qual é o plano de realocação dos moradores?
6 – Se morador não aceitar sair, o bairro vai ficar sem assistência da prefeitura?
7 – Se aceitar sair, o morador poderá retirar algum material da construção (portas, janelas, madeira, enfim, algo que dê para usar em outra área)?
8 – Qual prazo previsto de entrega?
9 – E os moradores que tem mais de um imóvel no bairro, como vai ficar?
10 – Como será feita a comprovação da compra do imóvel, sendo que muitos moradores tem somente contrato de compra e venda, e muitos perderam inclusive isso na enchente?