Mara Pante
O jovem que está no mercado de trabalho de Santa Cruz do Sul, em sua maioria (57%), tem entre 22 e 29 anos, é solteiro e mora com a família. Não completou o ensino médio para dar início à vida profissional. Está
empregado, mas não fica mais de dois anos em uma mesma vaga. Recebe até dois salários mínimos, mas 50% não passa de um. Entra cedo no mercado de trabalho: 71% iniciam antes dos 18 anos, e destes, mais de 50% iniciam até os 16 anos. Sustenta projetos de qualificação e possui a percepção de que não está suficientemente preparado para o mercado de trabalho. A metade deste universo ainda não realizou nenhum curso profissionalizante. O professor do Departamento de Ciências Humanas da Unisc, César Goes, que apresentou os dados, aqui destacou que curso de informática não é curso profissionalizante e sim um atributo, uma qualificação pessoal.
Este jovem projeta possibilidades de formação em um circuito tradicional (informática, administrativas, metal-mecânica, línguas) e pouco vínculo destas escolhas com a oferta do mercado – como é o caso da carência de mão de obra na área da construção civil. A maioria tem expectativa de cursos regulares, presenciais e no centro da cidade. O jovem possui a percepção de que a oferta de trabalho há de melhorar e com ela a sua posição individual neste mercado também. A expectativa de atuação é nos setores de comércio e serviço e ele busca qualificação técnica e universitária quando projetam um cenário mais estável de atividade, pós 30 anos.
Estes e outros dados constam no relatório final da pesquisa: “A situação dos jovens no mercado de trabalho de Santa Cruz do Sul e os desafios da
qualificação profissional”. O estudo foi feito em parceria entre a Comissão Municipal de Emprego, as Secretarias Municipais de Desenvolvimento Econômico e de Saúde, a Pró-Reitoria de Extensão e Relações Comunitárias da Unisc e o Núcleo de Pesquisa Social (Nupes) da Unisc.
Fotos: Rolf Steinhaus
O professor do Departamento de Ciências Humanas da Unisc, César Goes, apresentou os dados compilados no relatório
AMOSTRAGEM
A amostragem da pesquisa envolve 44 regiões da área urbana, além de Pinheiral e Linha Santa Cruz. Foram aplicados 337 questionários
válidos, gerando um índice de margem de erro de 5,3% ou um nível de confiança que chega aos 95%. Foi registrada a preferência dos jovens por cursos técnicos e que 57% tinham até o ensino médio incompleto e que 49,6% estavam empregados, entre outros índices. A apresentação do relatório aconteceu no Gabinete do Executivo Municipal na manhã de quinta-feira, 12.
Jonas Melo entrega a prefeita Kelly e ao vice Campis o relatório da pesquisa
VAGAS EXISTEM
Ressaltou o Presidente da Comissão Municipal de Emprego, Jonas Mello, que o cenário que se tinha há uma década era da falta de oportunidade para os jovens, diferente do que se tem atualmente. “Agora, as vagas existem, mas é a falta de qualificação profissional o que desponta”, completou.
PONTO DE PARTIDA
Para a Prefeita, Kelly Moraes, a pesquisa trouxe um panorama
importante sobre a realidade do município. “Este é um material muito rico
para nós gestores. Agora, a partir das conclusões apontadas a
Administração junto com o Conselho Municipal de Emprego e demais entidades envolvidas como a Unisc, vai traçar metas de trabalho”, pontuou.
Kelly agradeceu ainda o envolvimento do Conselho, da Unisc e dos
Agentes Comunitário de Saúde que receberam capacitação especial para
aplicar os questionários da pesquisa.
O vice-prefeito, Luiz Augusto Costa a Campis, acrescentou que a pesquisa
oportuniza que se tenha foco nas reais necessidades dos jovens
santa-cruzenses. “Vamos fazer o melhor uso possível desse trabalho
apresentado”, disse Campis.
A pró-Reitora de Extensão e Relações Comunitárias da Unsic, Ana Luiza
Teixeira de Menezes, ressaltou o compromisso social e com a mudança que
percebe existir no governo municipal. “Buscou-se ir além do senso comum ou do saber empírico demonstrando um nível mais profundo de preocupação com a realidade desses jovens”, concluiu.