
Clarissa Machado
Um passo decisivo para transformar a saúde pública em Santa Cruz do Sul foi dado na sexta-feira, 4, com o lançamento do Programa Municipal de Redução de Filas (PMRF) – Menos Fila, Mais Saúde. O anúncio, acompanhado de detalhamentos sobre a operacionalização da iniciativa, foi feito pelo prefeito Sérgio Moraes (PL) e sua equipe de governo em ato realizado no Salão Nobre do Palacinho, que contou com a participação de deputados, vereadores, lideranças regionais e representantes de hospitais da cidade.
A primeira fase do programa tem como meta atender 1,3 mil pessoas que aguardam por cirurgias de média complexidade e exames de imagem de demanda reprimida. Esses procedimentos serão realizados pelos hospitais conveniados à Prefeitura – Santa Cruz, Ana Nery e Monte Alverne –, com recursos municipais já repassados às instituições, sem custos adicionais ao erário.
O secretário municipal da Saúde, Rodrigo Rabuske, explicou que o PMRF foi planejado com base em um diagnóstico técnico sobre o uso dos recursos públicos. “Falar do Menos Fila, Mais Saúde é falar de plano de governo, fazer uma entrega em 100 dias de algo que atinge diretamente a vida das pessoas. Quando falamos em cirurgia, falamos de dignidade”, destacou. Ele ainda enfatizou que os contratos com os hospitais foram renegociados para garantir maior eficiência e transparência na aplicação dos recursos.
Rodrigo revelou que, ao analisar o histórico de investimentos do Programa Municipal de Assistência Hospitalar, identificou-se que parte significativa dos atendimentos beneficiava pacientes de outros municípios, o que comprometia o acesso da população local. “São 1,3 mil pessoas que recebemos numa fila de espera e que serão atendidas com recursos municipais, aplicados em pacientes de Santa Cruz do Sul. Tenho certeza de que, a partir deste momento, teremos avanços na saúde também em termos de investimento”, projetou.
Sérgio Moraes ressaltou o compromisso da gestão com a população e criticou a morosidade dos sistemas públicos de saúde. “Não posso dizer para um pai ou uma mãe: ‘Volta semana que vem que eu vejo se consigo atender seu filho’. Com R$ 1 milhão por dia destinados à saúde, não podemos aceitar que o tempo de espera por um procedimento seja de até oito anos”, acentuou.
O prefeito entende que o problema não está na falta de recursos e sim na forma como o sistema está estruturado. “Não é questão de desvio, mas é uma engrenagem travada, equivocada, que não anda. Talvez, com o apoio do Ministério Público, dos técnicos e dos vereadores, possamos começar aqui um movimento que ecoe nos níveis estadual e federal, que sirva de modelo”, analisou.
Durante o ato, Moraes também fez um apelo aos hospitais parceiros e ao governo do Estado. “Às vezes não vai dar lucro, às vezes até vai gerar prejuízo, mas peço que nos ajudem, porque vai ser bom para o nosso povo. Vamos dar as mãos e encontrar uma saída para oferecer uma saúde pública de qualidade. Lá na frente, o município vai recuperar”, ponderou.
O deputado federal Marcelo Moraes (PL-RS) anunciou o repasse de R$ 10 milhões ao Município para investimentos em saúde. “Nós não fizemos promessas. Fizemos alguns compromissos com a comunidade. E um desses compromissos era que nós terminaríamos com essa fila abusiva de pessoas que estão há quatro ou cinco anos esperando a chance de fazer o seu procedimento. É muito bom ver que, agora, o trabalho está sendo feito e a burocracia está sendo superada, para fazer com que o dinheiro das pessoas seja mais investido nos seus procedimentos do que em contratos”, pontuou. Ele também adiantou o próximo objetivo, que é centralizar os atendimentos: “O desafio agora é desburocratizar o cotidiano, para que as pessoas não precisem bater em tantas portas até conseguirem um diagnóstico”.