Você assistiu ao horário político gratuito? Ele foi decisivo para você escolher seus candidatos? Ou não teve nenhuma importância na hora de definir o seu voto?
Para alegria da minha esposa, acabou a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, em primeiro turno (em caso de segundo turno, recomeçará no dia 11). Acontece que toda vez que tento acompanhar as propostas dos candidatos ela grita lá da cozinha: “Desliga, Sérgio. Isso é um saco!”.
Para a Marta, o horário político – que se repete de segunda a sábado, dia e noite – significa “o horário de desligar a TV”. Opa, peraí, não a julgue, pois ela não está sozinha: milhões de brasileiros pensam o mesmo. Pesquisa CNT/MDA, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte, constatou que 34,4% dos entrevistados nunca assistem ao horário eleitoral, 32% assistem ou ouvem a propaganda poucas vezes na semana, 18% alguns dias, 15% todos os dias e apenas 11,5% afirmaram que a propaganda eleitoral tem alguma influência sobre as decisões.
Como se pode ver, os dados mostram que o horário reservado à divulgação da propaganda eleitoral tem baixa audiência e baixo impacto no eleitor. Além disso, é muito caro. Isso mesmo: caríssimo! A exibição dos programas eleitorais não é gratuita, quem paga somos nós, contribuintes. O horário tem esse nome “gratuito” porque não tem custos para os partidos políticos, porém, cada segundo é abatido do total de tributos pagos pelas empresas de rádio e TV. Esse ano, a estimativa da Receita Federal é que os cofres públicos deixem de arrecadar cerca de R$ 840 milhões em impostos.
Eu procurei assistir ao horário político com o intuito de conhecer as ideias e propostas dos candidatos. Infelizmente, devido aos poucos segundos destinados aos candidatos a deputado (a maioria só consegue dizer o nome e o número) e à troca de ofensas entre os presidenciáveis, ele não influenciou em nada na hora de definir os meus votos. O que deu para ver é que (no fundo) todos têm que se virar nos 30 para fazer a mesma promessa: “Me dê um voto e eu lhe darei quatro anos de realizações”.