Em muitas ocasiões, a arte é classificada como uma área de atuação menor ou de baixa importância. Evidentemente, nossa posição em editoriais e nas reportagens feitas pelo ‘Riovale Jornal’, é de valorização das obras artísticas. Segundo Karl Marx, principal pensador do socialismo, a ideia de beleza representada na arte, poderia nos desviar dos assuntos do mundo material. Vale dizer que Marx é do século 19, uma época em que a arte ainda era bastante caracterizada pela valorização do “belo”. O filósofo alemão entendia que as obras artísticas reproduziam os valores do sistema capitalista, extremamente contestado por Marx. As desigualdades sociais presentes no capitalismo, eram alvo do materialismo histórico, abordagem filosófica que Marx utilizava para análise da sociedade.
Já estamos muito distantes do século 19, e em tempos recentes e atuais, como podemos perceber a arte? Por exemplo, o cinema é pródigo em obras que estimulam o senso crítico e um olhar exigente em relação a problemas graves da sociedade. Poderíamos citar vários filmes e obras de outros gêneros artísticos que caminham nesse sentido, mas vamos citar aqui dois filmes, até como sugestão para quem tenha interesse em assistir: ‘Chinatown’ (1974), dirigido por Roman Polanski, e ‘O escândalo’ (2019), do diretor Jay Roach.
Tanto ‘Chinatown’ quanto ‘O escândalo’ abordam várias temáticas; entre elas, a confusão entre os interesses público e privado é tratada pelas duas películas. Marx certamente se interessaria por filmes como esses. Podemos concordar com as ideias marxianas ou não, mas o aspecto crítico em relação à sociedade, sempre tem muito a contribuir. Uma qualidade de várias obras artísticas é sua função social.