A paixão por escrever iniciou ainda na adolescência. Aos 16 anos, a poeta Marli Silveira lançou seu primeiro livro e, dali para frente, foi uma profusão de obras publicadas, são cerca de 30 exemplares. Agora a escritora lança, em Santa Cruz do Sul, o livro “Quantos Dias Cabem na Noite”. A publicação, pela Editora Bestiário (POA) e com selo da Class, tem 96 páginas, com prefácio e uma resenha do professor, tradutor e poeta Armindo Trevisan. A temática do livro traz a relação da sociedade com o tempo. Na capa, o símbolo que remete à obra, uma ampulheta.
“Existe a interlocução com o tempo. Atualmente temos mais tempo e, às vezes, parece que não. Somos, digamos, marionetes por sermos manipulados pelas horas, minutos e segundos. Boa parte do que escrevo tem essa temática. A ideia é ter uma outra percepção desse contexto. Dinamizar o tempo que temos. Vivemos sempre na expectativa, o ideal seríamos viver o instante, cada momento, saborear a essência de tudo”, explicou Marli.
Há três anos, a escritora vinha trabalhando em sua mais nova publicação. “A obra é formada por poemas aforísticos, com ênfase também na Filosofia. O primeiro livro que lancei foi o ‘O Dia da Rua’, em 2018 e, em seguida, ‘Liberdade Rasurada’, em 2019, esse último não perfaz a poesia, mas, sim, um contorno mais acadêmico com um trabalho junto às mulheres detentas. Em 2020 lancei uma obra de Filosofia para a área da educação o ‘Daseinspedagogia’ e, agora, ‘Quantos Dias Cabem na Noite’, no qual grande parte é de poemas aforísticos e que traz na essência o tempo”.
“Escrevo poesia desde os estudos no Ensino Médio, sendo no início de cunho social. Sempre estive vinculada com entidades e integrada à juventude. Esse era meu universo e na medida que fui estudando, com graduação, mestrado e doutorado, minha poesia tomou a forma mais filosófica, pois sou formada em Filosofia/Sociologia. Boa parte traz no contexto como me comporto, no que acredito e como penso.”
A obra, com valor de R$ 40, poderá ser encontrada na Iluminura. “A publicação estava pronta e não poderia esperar para lançar, pois gera uma grande expectativa. Encerro uma obra e já penso em outra. Em Santa Cruz pretendemos fazer lançamentos presenciais, dependendo como estarão os protocolos da Covid-19. Também será feito o lançamento na Feira do Livro de Porto Alegre que está programada para acontecer. Espero que as pessoas gostem da obra”, destacou a escritora.
TRAJETÓRIA
Marli é natural de Santa Cruz do Sul, mestre em Filosofia e doutoranda em Educação. Além da poesia, também é autora de artigos, trabalhos acadêmicos, biografias, obras literárias e coletivas. A escritora traz em sua trajetória o trabalho como secretária e coordenadora de Cultura de Vera Cruz, nos períodos de 2005 a 2008 e de 2014 a 2015, coordenadora de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura em Santa Cruz do Sul, de 2009 a 2012. Também coordena o projeto e a revista “À Flor da Pele”, que são desenvolvidos com as detentas do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. Com grande dedicação à cultura, recebeu prêmios por iniciativas e projetos que têm como foco o desenvolvimento cultural, a democratização do acesso e a promoção da diversidade cultural e literária. Entre eles está o “Prêmio Vivaleitura” de 2016 (MinC, MEC e OEI). Marli também faz parte da Casa do Poeta Rio-Grandense, o Instituto Cultural Português, a Associação Santa-Cruzense de Escritores e a Academia.