Início Geral Manifestantes tomaram as ruas contra a reforma da previdência

Manifestantes tomaram as ruas contra a reforma da previdência

Manifestantes percorrem ruas centrais e foram até o INSS

Viviane Scherer Fetzer
[email protected]

O dia 14 de junho foi marcado pela primeira Greve Geral convocada para que os trabalhadores manifestassem sua contrariedade a Reforma da Previdência. De Norte a Sul do país, centrais sindicais, sindicatos, entidades e trabalhadores foram às ruas. Em Santa Cruz do Sul não foi diferente, o primeiro ato foi realizado no começo da manhã na BR-471 e o segundo aconteceu junto à Praça Getúlio Vargas seguido por caminhada até a agência do INSS. Cerca de mil pessoas participaram em Santa Cruz, inclusive as agências bancárias estiveram fechadas durante toda a manhã. 
Todos os líderes das entidades que participaram dos atos em Santa Cruz do Sul salientaram a importância de discutir o quão grande o movimento estava sendo e o quanto a unificação das lutas pode fazer uma grande mudança no pensamento dos deputados, que estão lá para votar a Reforma. Conforme o deputado federal Heitor Schuch, que participou da manifestação em Santa Cruz, “desde que eu me conheço por gente a única linguagem que os governos entendem é a da pressão, sem pressão o governo sempre acha que está certo, se sente descompromissado e diante disso fica muito claro para todos nós de que a pressão foi que fez a constituição de 1988, as políticas sociais, os programas das políticas públicas. E agora é a mesma coisa, a receita que deu certo lá atrás vai dar certo aqui também, com certeza”. Ele ainda exemplificou com o que foi retirado pelo relator da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), na última quinta-feira, no que eliminou as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), a capitalização e os rurais porque teve mobilização. “Muita gente falou, muita gente se moveu e diante disso ficou claro para todos nós de que se as pessoas ficarem em casa e disserem amém, a reforma que o governo está engenhando ali vai passar. Agora com o povo na rua certamente temos chance de rediscutir porque muitos itens precisam ser trabalhados”. O deputado ainda garantiu que esteve na manifestação com a compreensão de que o país precisa parar de pagar essa dívida pública que consome 44% de tudo o que o país arrecada e achar que fazer reforma trabalhista, liberar a terceirização, colocar a PEC de teto de gastos vai ser a solução. “Não é assim, como a reforma da previdência se for aprovada vai dar um fôlego pro governo num primeiro momento, mas logo ali na frente vai se descobrir mais uma vez que o problema mais sério do governo é a dívida pública”.
Para o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Santa Cruz do Sul e Região, Paulo Lara, “o importante é unificar a luta de todas as categorias, incluindo colégios e setores municipais que alteraram o atendimento em função da data e mostrar que essa reforma não cabe para nenhuma categoria, primeiro ela precisa ser discutida com os trabalhadores e não da forma como está sendo”. Afonso Schwengber, presidente do Sindicato dos Comerciários, ressaltou a importância do movimento na demonstração de que Santa Cruz não é uma ilha fora do Brasil. E em relação aos transtornos apontados em relação ao trânsito, Schwengber destacou que “o transtorno maior é perder nossos direitos, é perder a solidariedade, não podemos continuar com esse individualismo que está sendo divulgado por esse governo em que você tem que desprezar o outro”.
A coordenadora da juventude do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Sandy Xavier informou que a retirada dos rurais do texto foi um avanço para a classe, “no entanto ele não é significativo para grande parte da classe trabalhadora, todos nós do campo temos parentes e familiares que estão na cidade e se não olharmos para esse contexto de que essa reforma como está sendo colocada a longo prazo vai ter um impacto gigantesco. Não é somente a nossa retirada enquanto rurais, precisamos de uma reforma tributária, porque a atual reforma está atingindo somente a parte que trabalha neste país”. O 18º núcleo do Cpers/Sindicato também esteve presente na manifestação e conforme sua presidente, Cira Kaufmann “para nós é um dia importantíssimo, nós estamos dizendo para esse governo, aos deputados e senadores que nós não aceitamos essa reforma da previdência porque na realidade isso não é uma reforma, é o fim da previdência pública”. 
“A importância de um movimento nacional como esse, no meu entendimento é que a sociedade brasileira tem que acordar. Porque se trata não apenas da destruição da previdência social, se trata da destruição do país, a gente está vivendo um momento em que nosso país está sendo entregue, então a luta hoje chamada para ir contra a reforma da previdência, é uma luta na defesa da soberania nacional”, explicou o professor Caco Baptista, mestre em Ciências sociais.