A desumanização nas relações sociais é um aspecto que, muitas vezes, ameaça a boa convivência entre as pessoas e provoca grandes injustiças. As diversas formas de preconceito constituem um exemplo disso. Uma forma de combater esta mazela, o preconceito, reside na arte – a maravilhosa arte. E a literatura, obviamente, está muito bem inserida nesse contexto, despertando a sensibilidade, fazendo-nos refletir, emocionando-nos.
Uma belíssima obra literária do nosso Brasil é ‘Lucíola’, publicada no século 19, escrita por José de Alencar. A personagem principal é Lúcia, uma jovem mulher que trabalha como meretriz e que acaba por encontrar o amor de sua vida. Um passado difícil acompanha Lúcia, uma verdadeira heroína nos seus feitos, no seu sacrifício. Os desafios dela são constantes, na tentativa de afirmação do seu amor, na luta contra um problema de saúde.
A narrativa de Alencar é de uma humanidade sublime. Um livro de caráter antropocêntrico, colocando o ser humano no centro do relato. Algo que caracteriza o antropocentrismo é a entrega aos prazeres da vida, e isto está presente em ‘Lucíola’. A natureza, as belas festas, a arte, os deliciosos jantares, o amor sensual… Tudo isso está presente no livro de José de Alencar, escritor que é um dos ícones do Romantismo brasileiro.
Acima dos prazeres, acima de tudo, este livro nos propõe a compreensão aos dramas do ser humano. Com que riqueza Alencar nos presenteou, que beleza possui a literatura brasileira! E, sim, em alguns casos, a tristeza possui um doloroso e doce sabor. ‘Lucíola’ nos proporciona uma rica experiência, repleta de elementos que possibilitam, ao leitor, uma viagem pela verdadeira estética da arte.