Tiago Mairo Garcia
[email protected]
A maior série invicta da história do Cinturão Verde. Assim pode ser resumido o feito do Linha Santa Cruz na disputa do certame nos anos 90. Campeão em 78, 79, 83 e 84, o tricolor voltou a ser protagonista ao conquistar quatro títulos consecutivos nos campeonatos de 92/93, 93/94, 94/95 e 95/96 para se tornar o primeiro octa (oito vezes) campeão do certame nos titulares.
Atual presidente do Linha Santa Cruz, Paulo Trinks, foi secretário do Departamento do Cinturão Verde. Ele destaca que durante muito tempo o campeonato iniciava em um ano e finalizava no ano seguinte. “Eram muitas equipes participantes e todas tinham duas datas que não poderiam jogar. Por muito tempo o Cinturão Verde iniciava após a disputa do municipal e terminava no ano seguinte”, conta ele.
A “aventura” de Sérgio Rangel
O corretor de imóveis, Aurélio Quadros Desbessell, 52 anos, era dirigente do Linha e lembra detalhes das conquistas. O campeonato de 92 teve a final realizada entre Linha Santa Cruz x Linha Arlindo, que havia sido campeão em 91. No primeiro jogo, em Linha Santa Cruz, empate em 2 a 2, gols de Jorni Vaz e Porquinho para o Linha Santa Cruz e de Mano Menezes e Silvio para o Linha Arlindo. No segundo jogo, em Linha Arlindo, disputado no dia 24 de abril de 1993, o Linha Santa Cruz conquistou o penta ao vencer o Linha Arlindo, de virada, por 3×2, gols de Rangel, Isidoro e Misso para o Linha Santa Cruz e de Zildo e Paulinho Schuster para o Linha Arlindo. Desbessel lembra que o goleiro Alberto foi a Santa Catarina buscar o centroavante Rangel para disputar o jogo e que ele chegou no intervalo da final. “O jogo estava 2 a 0 para o Linha Arlindo até os 22 minutos do segundo tempo. O Sérgio Rangel vem de Santa Catarina, ele chega no intervalo, entra e a gente vira o placar. Eles acharam que estava ganho”, conta Desbessel. Residindo em Porto Alegre, o ex-jogador Sérgio Rangel, 50 anos, conta que jogava no Hercílio Luz e estava na cidade de Tubarão concentrado com o time para a estreia no Campeonato Catarinense. “Disse para o João Hickmann que eu treinaria sábado pela manhã e a final era sábado à tarde e que não seria viável eu ir para o jogo. Mesmo assim ele pediu para irmão dele, o Zé Hickmann ir me buscar”. Rangel conta que durante a viagem o carro começou a ter problemas mecânicos e na entrada de Canoas ficaram empenhados. “O Zé chegou em um taxista e ofereceu um valor exorbitante para o cara nos levar até Santa Cruz e o motorista aceitou. Chegando em Santa Cruz ligamos o rádio e já estava 2 a 0 para o Linha Arlindo”. O jogador se recorda que chegou no intervalo, se fardou e foi para o jogo. “Deus olhou o nosso esforço. Fiz um gol de pênalti e conseguimos virar o jogo e vencer o campeonato”. No retorno, Rangel lembra que tinha que estar na concentração às 23h, mas novamente teve um imprevisto. “Pegamos um acidente no caminho e fui chegar escondido às 3h para não ser multado. No dia seguinte eu joguei e vencemos o jogo por 1 a 0 com gol meu. Foi uma aventura que terminou muito feliz e foi marcante na minha vida”, finalizou o ex-jogador.
O time do Linha Santa Cruz, campeão em 92, foi formado com Volmir (Alberto), Isidoro, Sérgio, Bolivar e Luciano (Clóvis) (Jair). Toco, Porquinho (Ari) e Marcos. Valdir (Rangel), Jorni (Misso) e Kiko, time treinado por João Hickmann. Já o Linha Arlindo foi formado com Serginho, Jair (Vanderlei), Xará, Mano Menezes e Bastião. Paulinho Lauchner (Lúcio), China, Edemar (Fernando). Paulinho Schuster, Clóvis e Zildo, time treinado por Irineu Henn. A final em Linha Arlindo teve arbitragem de Silvério Scholz auxiliado por João Nicareta e Derli Lopes.
Duas finais contra o União
Os campeonatos de 93 e 94, as finais foram disputadas entre Linha Santa Cruz e União, de Quarta Linha Nova. A partir do campeonato de 93, o representante comercial Aurélio Schwerz, 45 anos, iniciou sua trajetória como centroavante do Linha. Na decisão de 93, o Linha venceu o jogo de ida por 2×1 no Estádio Oswaldo Marx, em Linha Santa Cruz, gols de Aurélio (2) para o Linha e de Jair para o União. No segundo jogo, disputado no dia 8 de maio de 1994, o Linha venceu o União por 3 a 0, em Quarta Linha Nova, gols de Zildo, Antonio e Soli, para decretar o hexacampeonato. “Eu joguei somente 10 minutos dessa final e sofri um corte no supercílio”, lembra Aurélio. Desbessell completa. “Levei o Aurélio para fazer pontos e disse que ele estava um pouco tonto para ver se atendiam ele rápido. Ele demorou e ainda ficou mais 15 minutos em observação. Perdemos o restante do jogo, mas conseguimos voltar para a comemoração”, conta o dirigente. O time do Linha hexacampeão foi formado com PG, Soli, Thomé, Paulinho e André. Luizinho, Toco e Zildo. Aurélio (Jair Trinks), Antonio (Penti) e Dinho, time treinado por Paulo Hickmann. Já o União foi escalado com Serginho, Nilseu, Darci, Clóvis e Décio (Leonardo). Valdino, Xandão e Jair. Romeu, Nilson e Betinho (Albino), time treinado por Ingo Werner. A arbitragem da final foi realizada por Rogério Etges auxiliado por Heitor Kothe e Jair Eick.
Em 1994, novamente Linha Santa Cruz e União se encontraram na final. No primeiro jogo, em Linha Santa Cruz, o Linha venceu por 2 a 0, gols de Ari e Aurélio. Na partida de volta, em Quarta Linha Nova, empate em 0 a 0, resultado que consagrou o heptacampeonato do Linha. O ex-centroavante do Linha se recorda que sofreu um acidente de carro antes do primeiro jogo da final em Linha Santa Cruz. “Foram nos buscar em Santa Clara com um opala. O motorista estava com pressa e eu pedia para ele ir devagar. O carro furou um pneu e batemos contra um poste, mas ninguém se machucou. Deixamos o carro batido e chegamos a pé no campo do Linha”, lembra o ex-jogador. O time do Linha, heptacampeão, foi formado com PG, Ari, Altair, Décio e Ildo. Luizinho, Sildo e Ivan. Aurélio, Antonio e Ibanez. Também jogaram Schimia, Zé e Claus, time treinado por Gilmar Kist. Já o União foi escalado com Clóvis, Duda, Sérgio, Darci e Décio. Nilceu, Romeu e Ise. Beto, Nilson e Albino. Também jogaram Cesar e Vilson, time treinado por Valdino Brutsc
her. A arbitragem do jogo final foi realizada por Clóvis Jacobus com Edir da Silveira e Luis Wendland.