LUANA CIECELSKI
[email protected]
A saúde financeira dos hospitais do Rio Grande do Sul – que se encontra em estado gravíssimo – pode começar a apresentar uma melhora nas próximas semanas, ou pelo menos um desafogamento das contas. Isso porque na última sexta-feira, 3 de fevereiro, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) convocou os representantes de diversos hospitais filantrópicos gaúchos conveniados ao SUS para lhes apresentar uma proposta de quitação da dívida referente aos incentivos estaduais que deveriam ter sido repassados durante o ano de 2016.
A proposta visa o pagamento de R$ 190 milhões de reais para aquelas instituições de saúde que têm a receber os maiores valores – correspondentes aos incentivos estaduais dos meses de março, abril, maio, novembro e dezembro de 2016 e janeiro e fevereiro de 2017. Esse repasse seria feito por meio de uma linha de crédito do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados sem Fins Lucrativos- FUNAFIR. Os hospitais solicitariam os empréstimos em seus nomes e a Secretaria Estadual da Saúde se compromete a pagar as parcelas e os juros desse empréstimo.
Durante as reuniões com os representantes dos hospitais, que aconteceram durante todo o dia, o Secretário Estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, disse que essa foi a forma encontrada para diminuir a divida com os hospitais. Ele também ressaltou que a operação não trará nenhum custo para as instituições que aderirem – a adesão não é obrigatória -, e o governo quitará o financiamento, com recursos federais, até novembro de 2018.
“Com essas medidas, vamos colocar em dia o pagamento dos incentivos para todos os hospitais”, afirmou Gabbardo, lembrando que o pagamento da produção de serviços prestados pelas instituições está rigorosamente em dia, porque os valores referentes à tabela do SUS, apesar de defasados, estão sendo repassados. Gabbardo pediu apenas que, em contrapartida, os hospitais priorizem o pagamento dos funcionários e médicos, restabelecendo assim o atendimento normal aos usuários do SUS.
SANTA CRUZ DEVE ADERIR
Entre os representantes de hospitais presentes na reunião da última sexta-feira, estavam os diretores executivos do Hospital Ana Nery, Gilberto Gobbi e do Hospital Santa Cruz (HSC), Egardo Orlando Kuentzer e, de acordo, com eles, ambas as instituições deverão aderir à linha de crédito.
O Hospital Ana Nery espera receber em torno de R$ 2 milhões nas próximas semanas e de acordo com Gobbi, o dinheiro será usado para quitar alguns financiamentos bancários feitos para arcar com pagamento de 13º salário dos funcionários e cobrir outras despesas internas, durante o período de atraso desses repasses.
Já o Hospital Santa Cruz ainda não sabe informar o valor que deverá ser solicitado no empréstimo. Conforme explica Egardo, foi apresentado um valor fechado como sendo devido ao HSC, mas antes de solicitar o empréstimo, a direção do hospital aguarda a confirmação e a composição desse valor. “Então por enquanto nós não podemos falar em valores, mas podemos afirmar que provavelmente vamos aderir”.
Se tudo correr bem, até o fim de fevereiro, ambas as instituições já devem estar de posse dos valores e o Hospital Santa Cruz, assim como o Hospital Ana Nery, deverá utilizá-lo para regularizar pendências. “Esse valor vai colaborar com o nosso fluxo de caixa”, comenta Egardo. Mas ele também alerta: “Esse empréstimo não muda o desequilíbrio financeiro que vivemos porque esse é um valor que já deveria ter sido pago e que vem com bastante atraso, e porque outro dos nossos grandes problemas é a defasagem da tabela do SUS. Mas essa é outra das nossas reivindicações”.
Com informações: Secretaria Estadual da Saúde (SES)