Luciana Mandler
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Depois de dois anos sem que a Feira do Livro de Santa Cruz pudesse ocorrer em virtude da pandemia de covid-19, essa quinta-feira, 1º, foi marcada por emoção e alegria por aqueles que admiram a literatura, com o retorno dos livros para a praça e a presença física de escritores e público. Patrona da 33ª edição do evento, Letícia Wierzchowski, concedeu entrevista ao Riovale Jornal e falou exatamente sobre isso: “Estar perto dos leitores é uma coisa muito importante. Falar para as crianças, mostrar que todo mundo pode escrever, contar histórias, que a gente é feito de histórias. É uma maravilha”.
Conhecida e lembrada principalmente pelo romance “A Casa das Sete Mulheres” (2002), que originou a minissérie homônima na TV Globo, Letícia não se incomoda por este reconhecimento. “Embora escrito há duas décadas, a Casa das Sete Mulheres é um assunto atual. Claro que era a mulher da sociedade do século 19, mas é um assunto moderno”, avalia. “A autonomia das mulheres, que na época da revolução, cuidavam das estâncias durante as guerras. O Rio Grande do Sul viveu muitas guerras, enquanto os homens iam para a batalha, as mulheres cuidavam dos negócios, então temos que mostrar o papel da mulher. Parece que na guerra a mulher desaparece, não. Em todas as guerras as mulheres têm papeis fundamentais, fora delas também”, completa.
Escritora e roteirista, a porto-alegrense não para com suas produções, inclusive disse estar com muito material represado. No entanto, já tem data marcada para lançar o próximo livro: será em outubro. “É um livro que se chama “Amanhã será um dia melhor”, uma história real, mas contada por mim de um jeito mágico”, adianta. “É uma história impressionante, de coragem de uma mulher com câncer”, revela.
No histórico, Letícia soma 33 obras publicadas, sendo o mais recente “Deriva”, lançado neste ano. “Deriva é uma fábula, um romance sobre paixão. É um livro que se passa numa ilha. A chegada de uma moça, uma estrangeira vai causar bastante rebuliço”, conta aos risos.
Gustavo Acioli lança “Na beira do rio, antes da chuva”
Carioca, mas residindo em Santa Cruz do Sul desde dezembro do ano passado, o diretor e roteirista de cinema e televisão, cantor e compositor Gustavo Acioli lança neste sábado, 3, na Feira do Livro, no Espaço Via Nove, às 16 horas, o seu primeiro romance: “Na beira do rio, antes da chuva”. À noite, o lançamento ocorre no Brás 1532.
A obra é uma versão de Adão e Eva. “História realista baseado no que está escrito na Bíblia. Acrescentei algumas coisas, mas sem alterar o que está escrito lá”, adiantou. “É um momento muito especial”, destacou, tendo em vista que por anos vinha trabalhando na obra. “Desde a adolescência tinha o sonho de escrever um livro. Demorou para amadurecer esse livro, então hoje é uma grande realização estar lançando-o”, acrescenta.
Acioli lançou primeiramente a obra de forma virtual. Este será o primeiro evento presencial pós-pandemia. O escritor já dirigiu e escreveu dois longas, tem um longa que será lançado em breve – cujo é o roteirista. Já escreveu e dirigiu algumas séries para TV. Como cantor e compositor tem conteúdo lançado no Youtube e Spotify. Longas: Incuráveis, Mulheres no Poder (ambos como diretor e roteirista), Vovó Ninja (roteirista). Séries: O Negro no Futebol Brasileiro – HBO (diretor e roteirista), Seleção Brasileira Paixão de um Povo – HBO (roteirista), Os Parças – Globoplay (roteirista).
Sem leitura não se pode viver
Presente na 33ª Feira do Livro, o escritor José Alberto Wenzel, ex-prefeito de Santa Cruz do Sul, se entusiasmou ao ver a presença da juventude no evento. “Essa é a festa do livro, a feira. Aquela turma toda se espalhando por aqui (praça), olhando livros, conversando”, aponta. “Temos que pensar que estamos no momento atual, mas precisamos pensar que pode estar surgindo aqui, quem sabe um novo Machado de Assis, uma Cecília Meireles, por que não, né?! Buscando inspirações, É um momento muito especial”, completa.
Wenzel, que também lançou a obra “Morte e Natureza: Interação transgressora Cotranscendente”, nessa sexta-feira à noite, 2, na Casa do Escritor, acredita que sem leitura não se pode viver, “ou até pode, mas vai ser uma vida mais ou menos”, pontua. Para ele, a leitura é fundamental, principalmente para formar o espírito crítico.
“Você não precisa acreditar em tudo que lê, nem seguir tudo que ler, mas a leitura te ajuda, você passa a observar diferentes pontos de vista. Forma um espirito crítico, que é o que talvez mais nos falta nesse momento”, reflete. “A leitura neste ponto é fundamental. A leitura diversificada. Tem uma fase na vida que é importante abrir o leque, ler de tudo. Analisar tudo. A partir disso, você vai formar o seu pensamento, você vai se estruturar em cima disso. E a feira propicia isso, porque ela é multilateral”, acredita.