Em reunião com o presidente da farmacêutica União Química, Fernando de Castro Marques, em São Paulo, na tarde desta terça-feira, 26, o governador Eduardo Leite confirmou o interesse do Estado em adquirir doses da vacina russa Sputnik V, caso o uso seja autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde não inclua o imunizante no Programa Nacional de Imunizações (PNI). A intenção foi formalizada em documento entregue durante a reunião na sede do grupo.
“Temos uma preocupação com o ritmo e o fluxo da vacinação e, tendo uma empresa com a responsabilidade e a trajetória da União Química, com essa capacidade de produção prevista para a Sputnik V, o Rio Grande do Sul tem interesse em acessar e fazer a aquisição assim que ocorrer a autorização pela Anvisa para o uso emergencial, caso isso não seja feito por meio do PNI”, afirmou Leite, ao destacar que o Estado conta com uma das populações mais idosas do país.
A reunião contou ainda com a presença do diretor científico Miguel Giudicissi Filho e do conselheiro fiscal Rui Willig. Os dirigentes do Grupo União Química confirmaram que reuniões entre a farmacêutica e técnicos da Anvisa têm ocorrido quase que diariamente para tratar do tema e que estão sendo agilizadas as medidas para a realização da terceira fase de testes da vacina no Brasil, processo exigido pela agência reguladora.
Caso haja a aprovação, o número de doses do imunizante que deverá ser recebido da Rússia é de cerca de 10 milhões, entre fevereiro e março. A produção nacional iniciaria em abril, com capacidade de produzir 8 milhões de unidades mensais.
“Estamos cumprindo todas as exigências e todas as etapas e o quanto antes possível esperamos trazer e produzir localmente pra atender demanda brasileira”, disse o presidente do grupo. Segundo Marques, já há, também, um protocolo de intenções enviado pelo Ministério da Saúde à farmacêutica em relação à aquisição da vacina, seguindo a disposição de adquirir todos os imunizantes aprovados pela Anvisa.
De acordo com os dirigentes, a União Química, uma das maiores indústrias farmacêuticas da América Latina, com oito unidades fabris, disponibilizou toda a estrutura industrial, tecnológica e biotecnológica no Brasil para desenvolvimento e produção piloto do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) da vacina Sputnik V, em acordo firmado com o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF).
A Sputnik foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, do governo russo, com mais de 130 anos de história na elaboração de medicamentos e vacinas. O imunizante contra a Covid-19 é aplicada em países como a Argentina, em cerca de 600 mil pessoas, na Rússia, no Paraguai e na Sérvia entre outros, com “nenhum efeito colateral grave ou reações significativas”, segundo o presidente.