Alyne Motta
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Guilherme Bandeira
Desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista. Assim era o genial Millôr Fernandes, falecido no ano passado. Como forma de homenagear o multiartista, o escritor gaúcho Breno Serafini está lançando o livro “Millôres dias virão”, com o selo Universidade da editora Libretos.
O livro é resultado de um estudo sobre a crônica do provocativo e instigante Millôr. O autor faz uma análise da obra do multiartista, estabelecendo uma contextualização histórica mais ampla e as relações entre humor, arte e papel do intelectual consagrado.
Fartamente ilustrado por citações de Millôr, o livro proporciona uma excelente aproximação ao homem e a uma parcela pouco lembrada de sua obra: as crônicas publicadas nas revistas Istoé e Istoé/Senhor durante o período de redemocratização do país e também do mundo.
Gilmar Fraga
Obra tem lançamento amanhã em Porto Alegre
Os temas abordados compõem um quadro que permite examinar as formas com que se dá a leitura “milloriana” da realidade, em que, por trás de um discurso por vezes escrachado, por vezes sério, desponta com extrema ironia uma crítica dos fatos políticos e culturais de nosso tempo.
A obra de Breno será lançada amanhã, 5 de junho, às 19h, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping Country (Avenida Tulio de Rose, 80), em Porto Alegre. Além da sessão de autógrafos, acontece um bate-papo entre o autor, o doutor em Letras Antônio Sanseverino e o psicanalista Abraão Slavutzky.
O AUTOR
O escritor Breno Serafini é natural de Santiago, no Rio Grande do Sul, e atualmente reside na capital gaúcha, Porto Alegre. Com doutorado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desenvolve pesquisa sobre a temática humor & ideologia.
Rejane Serafini
Breno mergulhou fundo e fez uma análise da obra do multiartista
É revisor de língua portuguesa no Núcleo de Documentação da Fundação de Economia e Estatística (FEE) e autor de três livros de poemas — Mosaico Laico (2010), Geração Pixel (2011) e Bichos de todos os reinos (em produção) — este último é infantil, ilustrado pelo cartunista MOA. Escreve regularmente no blog Deleituras.
No trecho a seguir, Breno reflete sobre o texto contundente de Millôr:
“Pai do jornalismo alternativo brasileiro, com seu “O Pif-paf”, Millôr não se furtou a questionar nenhum matiz ideológico: desde as crônicas (ou craquelês, dada a sua fragmentação e experimentalismo) de resistência, com seus colegas de ‘O Pasquim’, ao alvorecer da abertura política, e mesmo da democracia formal atual, sempre se pautou pela isenção de, segundo ele mesmo, ‘recusar-se aos 10% a que teria direito’.
E, se somente isso já fazia dele um ser ‘ético’, que dizer de tal sociedade, pautada por tal inversão. Sabedor de que a realidade sempre supera a ficção, criticou impiedosamente, desde o autoritarismo reinante até os esquerdistas com suas bolsas-ditadura. Ciente de que ‘a mala nada na lama’, não importando se lido da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita, incomodou a muitos com sua coerência ‘gauche’”, coloca o autor.