No dia de ontem, 26 de novembro de 2021, o Salão do Júri do Foro da Comarca de Santa Cruz do Sul recebeu a nominação Salão do Júri Juiz Gérson Luiz Petry.
Homenagem resultante da iniciativa e da articulação de muitas mãos: Dr. Ezequiel Vetoretti, Dr. Júlio César Meira Medina, Dr. Sadilo Vidal Rodrigues, a subsecção local da OAB, por sua presidenta, Dra. Rosemari Hofmeister, todos os magistrados da comarca. Tão logo apresentada a proposição, foi prontamente acolhida pelo Desembargador-Presidente Voltaire de Lima Moraes e, por fim, aprovada à unanimidade pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
O Gérson reunia todos os predicados que um magistrado deve ter. Profissional dedicado, operoso, com conhecimento técnico atualizado, de um rigor ético ao extremo. Independente. Corajoso. Discretíssimo. Absolutamente imparcial. Os holofotes midiáticos e sociais jamais o tentaram, Salamaleques nunca o seduziram. O poder e o que ele pode proporcionar não o iludiam. Sabia que não era juiz, estava juiz. Não dependia de cargo, título, medalhas e relações para ser o que era e fazer o que fosse preciso, sem preocupação se estava agradando ou não. A responsabilidade funcional e os impositivos constitucionais eram por ele colocados acima de tudo. Não fazia, como nenhum magistrado deve fazê-lo, cálculo político das suas decisões ou medi-las por meio de um “simpatômetro”, buscando popularidade.
Enquanto presidente de centenas e centenas de sessões do Tribunal do Júri, o Tribunal do Povo, aquele no qual quem julga é a sociedade, exerceu suas funções com mão de ferro, criterioso, transmitindo segurança a todos os atores processuais. Demonstrava equilíbrio, serenidade e tratava Ministério Público e defesa, os réus, as vítimas, os jurados, com respeito e humanidade.
Tinha carinho, apego e gratidão aos servidores que o auxiliavam.
Foi um cidadão que amou este chão, que sentia enorme orgulho de ser santa-cruzense. Aqui estudou, fez o ensino médio no Colégio Mauá, cursou Direito nas Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul, hoje Unisc. Graduado em 1982, passou a advogar, também trabalhando na Caixa Econômica Federal. Aprovado em concurso para Pretor, no ano de 1985, foi de muda para Santo Ângelo, atuando também em Santo Cristo. Em 1988, assume como Juiz de Direito em Soledade. Entre 1989 e 1992 jurisdiciona Itaqui. Na sequência, por quatro anos, exerce a judicatura em Candelária. Em 1997 retorna à sua terra natal, promovido por merecimento para a 1ª Vara Criminal de Santa Cruz do Sul, unidade da qual foi titular até 2015, quando decidiu aposentar-se. Faleceu precocemente em fevereiro deste ano, aos 62 anos de idade, vítima de Covid-19.
Mais que um colega, o Gérson era um amigo, um amigo leal, um bom conselheiro, com sabedoria, uma pessoa respeitada, admirada e querida na comunidade.
Um bom Juiz, um homem bom. Um coração enorme. Sempre disponível para acolher, ouvir com atenção e ensinar.
Sim, ensinar, não só direito, pois era professor: professor de ética, professor de decência, de correção, professor de moral, sem ser moralista, professor de dignidade, um cidadão digno, que faz e fará muita falta.
Gravar o Salão do Júri do Foro de Santa Cruz do Sul com o seu nome é um gesto de agradecimento, de reverência e de retribuição, que perpetuará o nome e o exemplo.
A partir de agora, todo aquele que pisar pela vez primeiro no plenário de julgamentos, saberá e, assim como nós hoje, contará amanhã às futuras gerações, aos que ainda estão por vir, quem foi o Juiz Gérson Luiz Petry. Saudades eternas.