EVERSON BOECK
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Voltada para acadêmicos de Direito, docentes, advogados, juízes, promotores e demais interessados no assunto, o curso de Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e o Instituto Lia Pires realizaram na última quinta e sexta-feira, 13 e 14 de setembro, a II edição da Jornada Lia Pires, no anfiteatro do Bloco 18 da Unisc. Um dos momentos mais esperados da programação foi o debate sobre o caso Kliemann, ocorrido na noite de quinta-feira, que contou com a presença do escritor e jornalista Celito de Grandi, autor do Livro “O Caso Kliemann”.
O evento reuniu grandes criminalistas e doutrinadores do cenário jurídico brasileiro atual e abordou temas como sistema penal e inclusão social; política criminal de drogas brasileira: histórico e perspectivas para minimizar os danos oriundos do uso de drogas; organização criminosa: reflexos da expansão do direito penal no tratamento jurisprudencial de um crime sem conceito.
Conforme o coordenador do Instituto Lia Pires, Flávio Barros Pires, a II Jornada aliou qualidade de público e temas importantes. “O evento trouxe muito conhecimento aos estudantes e esclarecimentos aos docentes e profissionais da área”, avalia. Em relação ao debate sobre o Caso Kliemann, Pires acredita que a análise do caso proporcionou ponderar elementos muito ricos. “Estas discussões servem para que não se repitam erros do passado”, pontua.
O coordenador da II Jornada, advogado Ezequiel Vetoretti, considera o evento muito positivo. “Mesmo com o cancelamento da vinda do senador Pedro Simon, que precisou ser internado por problemas de saúde na noite de quarta-feira, quem participou deste e dos demais debates saiu ganhando pela riqueza de informações e pelo reconhecimento dos participantes”, analisa.
O objetivo do debate do caso Kliemann foi rediscutir os inúmeros aspectos polêmicos do fato que vão desde a atuação da imprensa em todo o caso, como a participação da própria Polícia e o quadro político da época que redundou em muitos problemas para todos os envolvidos. “Esta discussão é importante porque trago elementos no meu livro que se tivessem sido explorados na época teriam chegado a outro denominador”, afirma o escritor Celito de Grandi.
Segundo o professor Leonardo Fetter, coordenador do curso de Direito, a pretensão este ano foi discutir, como evento principal, o rumoroso caso Kliemann. “Como, no passado, foi um fato que gerou muita discussão e que, agora, diante da obra literária, voltou a ser comentado e discutido, trazemos um evento jurídico de grande importância estadual e nacional para dentro de nossa Universidade e, aproveitando, colocamos em discussão um caso que movimentou a sociedade anos atrás, trazendo os profissionais que trabalharam no caso”, aponta.
COMO SURGIU A JORNADA
A jornada Lia Pires teve início no ano de 2001 por iniciativa do Centro Acadêmico Maurício Cardoso, do Direito da PUC/RS mediante licença do próprio Dr. Oswaldo de Lia Pires. Decorreu basicamente de uma enquete realizada entre os alunos da época onde foram convidados a escolher o nome de um advogado para homenagear naquele ano. O nome do Dr. Oswaldo obteve mais de
oitenta por cento dos votos em uma enquete sem nomes sugeridos. O Centro Acadêmico assim resolveu realizar não somente uma palestra, como planejado, mas uma Jornada com três dias de duração. E assim nasceu a Jornada Lia Pires que, em Porto Alegre já teve oito edições, sendo que a primeira teve mais de mil e quinhentos inscritos.
Em 2009 por iniciativa dos advogados Jader Marques, Flávio Barros Pires e Gustavo de Azambuja Pires (neto do Dr. Oswaldo e falecido no mesmo ano de 2009), como forma de homenagear a trajetória de 65 anos de profissão do Dr. Oswaldo de Lia Pires, foi criado o Instituto Lia Pires, tendo como base a ideia de trazer aos estudantes de Direito e aos advogados que se dedicam à advocacia criminal uma referência nesta área do Direito e, fundamentalmente, fomentar o estudo do Direito Penal despertando o interesse de alunos e profissionais do Direito para a advocacia criminal.
SEGUNDA VEZ EM SANTA CRUZ
Em 2011 como decorrência da participação do Dr. Ezequiel Vetoretti, advogado radicado em Santa Cruz do Sul e integrante do Instituto e do Escritório Lia Pires, surgiu a oportunidade de realizar a Jornada Lia Pires na cidade através da Unisc, que abriu suas portas e adotou a Jornada. No ano de 2011 foi homenageado na Jornada o Dr. Marco Aurélio Moreira de Oliveira oriundo de Santa Cruz do Sul, tendo sido acompanhada por inúmeros estudantes, advogados e operadores do Direito.
Em razão do sucesso, a Unisc entendeu por bem de repeti-la este ano, tendo sido escolhido como um dos temas o caso Kliemann por dois fatores: primeiro por ter ocorrido em Santa Cruz do Sul e envolvido toda a comunidade de políticos da época; segundo, em razão de ter sido escrito um livro sobre o caso pelo jornalista Celito de Grandi recentemente, o que levou a uma revisão dos aspectos históricos do caso.
FOTOS: ROLF STEINHAUS
O evento reuniu grandes criminalistas e doutrinadores do cenário
jurídico brasileiro atual
Escritor e jornalista Celito de Grandi, autor do Livro “O Caso Kliemann”
Evento, aberto à comunidade, foi voltado para acadêmicos de Direito,
docentes, advogados, juízes, promotores
Professor Leonardo Fetter, coordenador do curso de Direito da Unisc