Everson Boeck
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De 13 a 18 de outubro todas as entidades, associações e órgãos ligados à cadeia produtiva do tabaco no mundo todo estarão atentas às decisões da 6ª Conferência das Partes (COP6) da Convenção-Quadro para o Controle de Tabaco (CQCT), que acontecerá na Rússia. Para discutir o assunto em nível local, o SindiTabaco realizou na noite de quinta-feira, 9, seu tradicional jantar durante a Oktoberfest que reuniu os principais integrantes da comitiva brasileira que defenderão os fumicultores e a produção de tabaco no Sul do Brasil na Conferência que ocorrerá em Moscou na próxima semana. Entre as propostas que mais preocupam o setor estão a de interromper financiamentos públicos e incentivos para o cultivo do tabaco.
Os grupos de trabalho da CQCT estarão reunidos em Moscou, na Rússia, para tratar de temas extremamente ligados ao meio rural. Uma comitiva formada por mais de 15 pessoas está se deslocando desde ontem para Moscou. O grupo é formado por Iro Schünke (presidente do SindiTabaco); Carlos Palma (Souza Cruz); Felipe Bremm (Philip Morris); Flávio Goulart (JTI); Romeu Schneider (presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco); Benício Albano Werner (presidente da Afubra); Airton Artus (Prefeito de Venâncio Aires e representante da Amvarp na COP6); Luiz Alberto Faria (prefeito de Canoinhas/SC e vice-presidente da Amprotabaco); Marcelo Distefano (prefeito de S.João Triunfo/PR e vice-presidente da Amprotabaco); Mauro Flores (representante da Farsul); Carlos Joel da Silva (presidente da Fetag); Irineu Berezanski (representante da Fetaesc); Deputados Adolfo Brito, Marcelo Moraes e Pedro Pereira.
Arquivo/RJ
Entre as propostas que mais preocupam o setor estão a de interromper
financiamentos públicos e incentivos para o cultivo do tabaco
De olho nas decisões
Durante o jantar realizado na Casa do SindiTabaco, no Parque da Oktoberfest, o clima da Festa de Alegria se mesclou com apreensão às decisões que poderão resultar da 6ª Conferência das Partes (COP6) para o futuro do tabaco. Alguns dos representantes da comitiva brasileira que representará o setor no evento se pronunciaram durante o jantar.
Mauro Flores, representante da Farsul, disse que a comitiva estará atenta quanto às decisões que forem tomadas durante a COP6. “Estaremos lá para fazermos uma pressão e não deixar que seja votado ou aprovado qualquer tipo de restrição que prejudique a cadeia do tabaco. Se não há produto, não há indústria e sem isso não há desenvolvimento”, sinalizou. Para ele é importante acompanhar o comportamento do governo brasileiro durante a Conferência, já que não foi divulgado oficialmente qual o posicionamento do Brasil.
O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider, se mostrou preocupado com o “radicalismo” de algumas pessoas que fazem parte do grupo de trabalho da CQCT e às propostas negativas quando à produção de tabaco. “Teremos uma tarefa árdua, pois não vamos participar novamente dos debates, nem como ouvintes. Precisamos ficar muito atentos uma vez que o governo brasileiro não cumpriu o que foi acordado no seminário realizado em setembro deste ano onde ele se comprometeu a divulgar o documento sobre o posicionamento do País. Vamos novamente às cegas”, apontou. Schneider acredita que não há interesse por parte de determinadas autoridades em conhecer a cultura do tabaco desenvolvida na região. “Convidei pessoalmente integrantes da Conicq e do governo para visitarem nossa região e até hoje não tive retorno. Acho que eles têm medo e não querem conhecer nossa realidade porque depois vão ter que tomar uma posição diferente daquilo que estão defendendo com tanta força”, disparou.
Airton Artus, prefeito de Venâncio Aires e representante da Amvarp, classificou como um “deboche” o fato de o Brasil ser impedido de participar dos debates da COP6. “É uma incoerência. O Brasil vai participar de uma conferência tão importante e o segmento mais atingido e diretamente envolvido, com uma importância econômica vital, não foi comunicado sobre o conteúdo das discussões e, tampouco, será ouvido”, criticou. Ele ressaltou também a importância da produção de tabaco para a saúde econômica nos municípios que possuem a fumicultura como o principal eixo de desenvolvimento.
O prefeito de Santa Cruz do Sul e presidente da Amprotabaco, Telmo Kirst, defendeu que a maioria dos municípios produtores de tabaco tem como sustentáculo de suas economias a fumicultura. “O que seria de Santa Cruz do Sul sem a produção de tabaco? 60% de arrecadação do ICMS vem dele. Nas outras cidades e regiões produtoras de fumo é a mesma coisa. Criamos a Amprotabaco para defender isto”, sublinhou. Kirst também lembrou que 35% do consumo de cigarro no Brasil é fruto de comércio ilegal. “Defendemos um produto de qualidade e isso o Brasil sabe fazer muito bem. Se não produzirmos, alguém virá vender. O governo brasileiro entendeu nossas mensagens e ele tem, sim, autonomia para tomar decisões diferentes de qualquer documento estabelecido na Conferência”, disse referindo-se à reunião que teve com integrantes da Conicq no final do mês de setembro.
O anfitrião do jantar, presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, foi o último a se pronunciar. Ele argumentou sobre a necessidade da presença brasileira na Conferência como um fator que fará a diferença nas decisões. “Entendemos que a representação brasileira deveria rejeitar qualquer medida que configure o cerceamento da liberdade do produtor em cultivar tabaco. A demanda por tabaco no mundo vai continuar independente de medidas isoladas e o que temos defendido é que, enquanto existir, possamos continuar gerando renda e emprego nesta que é uma cultura consolidada m centenas de municípios brasileiros”, argumenta.
ROLF STEINHAUS
Alguns dos representantes da comitiva brasileira que representará o setor na
COP6: Airton Artus, Mauro Flores, Telmo Kirst, Iro Schünke e Romeu Schneider