Tiago Mairo Garcia
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Com mais de 100 dias de suspensão das atividades em razão da pandemia do novo coronavírus, algumas escolinhas especializadas em promover atividades esportivas em Santa Cruz do Sul têm buscado se reinventar com uso das ferramentas tecnológicas para executar suas atividades. No outro lado, os alunos seguem em isolamento social e procuram desenvolver alguma atividade em suas casas para manter os treinamentos e seguir desenvolvendo as atividades físicas.
É o caso do jovem santa-cruzense Arthur Rehling Kolosque, 12 anos, aluno da escolinha de judô da Associação de Judô Santa Cruz (Ajusc) com aulas nas dependências do Tênis Clube de Santa Cruz do Sul. Conforme o relato de sua mãe, Elisangela Kolosque, desde a parada em razão da pandemia, Arthur tem treinado em casa e realizado exercícios físicos utilizando bola suíça, garrafas pet, corda, cabo de vassoura, corridas em circuitos, alongamentos, exercícios de fortalecimento e mobilidade para postura.
A mãe destaca que no início da pandemia, o professor chegou a enviar exercícios, mas que depois foram suspensos. “Como ele já pratica judô há mais de sete anos, ele já tem conhecimento dos exercícios que podem ser realizados em casa”, conta Elisângela. O menino também possui atividades de fisioterapia com a fisioterapeuta Jenifer Ludtke.
Mesmo com o filho se dedicando nos treinamentos e praticando atividades físicas em casa, a mãe salientou a sua preocupação com o avanço da pandemia que reflete na continuidade do isolamento social do menino. “Como mãe me preocupa este isolamento social, pois meu filho tinha uma rotina semanal e diária de atividades escolares, esportivas entre outras, e isto, inevitavelmente sofreu mudanças. A maior foi a de não poder ir à escola, e esse período da vida da criança no ambiente escolar é muito relevante”, destacou ela.
Outra mudança, segundo a mãe, é de o menino ficar longe dos avós, que residem em Pelotas. “Nós como pais temos que dialogar com os filhos, pois seus sentimentos, emoções e atitudes estão confusos. O medo e insegurança estão tomando conta de todos e estamos enfrentando esta situação com muito diálogo onde ele pode expressar seus sentimentos e nós podemos ouvir e ajudar ele a passar da melhor maneira este período de pandemia”, relatou. Com relação ao uso frequente de tecnologias, a mãe informou que o filho costuma usar o celular e computador com horários definidos em razão das aulas online e das tarefas escolares.
O treinador de Arthur na Associação de Judô Santa Cruz (Ajusc), professor Paulo Barros, destacou que após a suspensão das atividades tentou realizar algumas aulas online para manter as crianças ativas, mas acabou suspendendo a ideia por não conseguir atingir todos os alunos. “É muito difícil chegar em todos os alunos, tendo em vista que a maioria são de projetos sociais que atendemos na cidade através da Prefeitura, Condica e Unisc”, destacou. Questionado sobre como será a volta das atividades, o professor acredita que a normalidade será somente se haver uma vacina disponível para combater o vírus. “Acredito que quando voltar eles vão estar com receio do contágio se ainda não tiver vacina. Como o judô é um esporte de muito contato, acredito que sem a vacina não conseguiremos voltar com as atividades normais. O que poderia ser feito, são os treinos físicos sem contato, mas como trabalhamos com crianças e adolescentes, temos que preservar ao máximo a integridade física e metal dos alunos e seus familiares”, frisou o professor.
Ao avaliar o comportamento dos alunos em casa, o professor relata que alguns praticam as atividades, mas que a grande maioria fica disperso com outras distrações, vindo a deixar de lado a prática esportiva. Ele orienta aos alunos para seguirem o exemplo de Arthur e continuar praticando atividades físicas. “O conselho é que sempre que puder, façam as atividades para se manterem saudáveis fisicamente e mentalmente sempre com a prescrição de algum profissional da área”, finalizou.