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Inicia a colheita do tabaco no Estado

Evento de abertura da atividade foi na terça-feira, 6, na propriedade da família Bierhals em São Lourenço do Sul

Fotos: Débora Dumke
Abertura da colheita do tabaco reuniu diversas autoridades na localidade de Campos Quevedos

Débora Dumke
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Foi dada a largada para a colheita do tabaco no Rio Grande do Sul. Uma grande solenidade marcou a abertura oficial em São Lourenço do Sul, na região Sul do Estado, na terça-feira, 6. Os produtores rurais Romiro e Marilda Bierhals, Tiago e Josiane Krolow, e Josiel Bierhals recepcionaram autoridades e líderes do setor em sua propriedade, na localidade de Campos Quevedos. O evento reuniu cerca de 230 pessoas.


A abertura da colheita da cultura é promovida anualmente pela Secretaria Estadual da Cultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, e neste ano teve o apoio de Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e Prefeitura de São Lourenço do Sul. No ato, também aconteceu a assinatura do convênio Programa Milho, Feijão e Pastagens após a Colheita do Tabaco, com a parceria entre SindiTabaco, Afubra, Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), Farsul (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) e Secretaria Estadual da Agricultura.

Entidades assinaram o convênio do Programa Milho, Feijão e Pastagens após a Colheita do Tabaco


Tiago e Josiane são jovens e o que os motivou seguir na agricultura é a diversidade e gosto pelo interior. Para ele, é uma satisfação realizar a abertura e a expectativa das vendas é positiva. “Pelo que escutamos, a procura do tabaco vai ser grande e esperamos vender bem e ser valorizados. Claro que agora é mais trabalhoso, pois envolve a colheita. Com o maquinário, a mão de obra não é tanta, e com este aporte está melhorando muito”, destacou.

Família Bierhals: orgulho em ter a propriedade como
modelo de produção


Para Benício Werner, presidente da Afubra, a expectativa para a colheita é muito positiva. “No geral, o resultado da qualidade, que eu julgo bem mais importante do que só a produtividade, está muito boa. O que define o preço, na verdade, é a qualidade. A grande maioria dos produtores está produzindo um tabaco que o mercado internacional está pedindo. Um país que exporta 85% da sua produção precisa ter uma preocupação, juntamente com os próprios orientadores agrícolas”, ressaltou.


Muitas vezes a qualidade não depende só do produtor, mas também do clima. “Infelizmente, a gente não conseguiu implantar a cultura da irrigação e no tabaco, como são áreas menores, não teria um custo tão grande como na irrigação em uma produção de grãos, porque são sempre áreas maiores, mais do que precisamos para o tabaco. Nosso produtor é diferenciado, assim que ele termina a produção de tabaco, logo tem condições de entrar com os grãos, tanto faz se é soja ou milho; dependendo da região, se é plantio mais tardio ou normal. Então, aqui (em São Lourenço do Sul) é um plantio mais tardio, ficando mais difícil o plantio de grãos. Os produtores podem até plantar, mas será para o cultivo de silagem. Por ser uma localidade alta, é de se pensar que possa ser produzido trigo”, informou Werner.


É de suma importância manter a tradição da solidariedade, pois a comunidade precisa avaliar a importância socioeconômica da produção de tabaco, principalmente por ter na safra passada uma receita bruta de R$ 6 bilhões. “Na última safra 2021/2022, nós pulamos para R$ 9 bilhões. Isso é um aumento de R$ 3 bilhões para os produtores que dependem dessa receita, dando condições de investir na compra de equipamentos, troca de automóveis, para que tenha menos mão de obra forçada e mais uso de equipamentos”, frisou o presidente da Afubra.


Iro Schünke, presidente do SindiTabaco, contou que a parte logística melhorou, e fazer a abertura da colheita é muito importante para que seja divulgada a importância que a produção de tabaco possui. “O evento é muito importante. Não só importante, mas justo, porque o tabaco é um dos fatores mais relevantes do Estado, com ênfase na parte social e econômica. É o segundo maior exportador, depois da soja, mas individualmente somos o segundo maior exportador. Neste ano exportamos mais de 2 bilhões de dólares e o volume também já cresceu”. lembrou.


“A perspectiva está sendo legal, espero que corra tudo bem. A qualidade é boa e daí vamos ter uma safra equilibrada em termos daquilo que o Brasil precisa em fins internos e principalmente para fins de exportação. Que tenhamos uma boa safra e, certamente, o Brasil continuará sendo o segundo maior produtor e exportador, no qual este ano estamos completando 30 anos de maior produtor do mundo. Plantar tabaco nas pequenas propriedades compensa. Se não fosse assim, não teria tantas famílias produtoras”, enfatizou o presidente do SindiTabaco.


Domingos Antônio Velho Lopes, secretário estadual da Agricultura, disse que, em nenhum momento na história do Rio Grande do Sul, existia a maturidade que tem hoje, das entidades, em que se respeita as individualidades de cada cadeia produtiva. “Todo mundo acha que temos apenas um bioma amazônico, mas nós temos seis biomas e 99% do produto exportado do Brasil sai dos outros cinco biomas. Nós temos que ser representados por agricultores rurais.”, frisou.

VALORIZAÇÃO

O tabaco não é somente produção, pois trabalha também a questão social, frisou o prefeito de São Lourenço do Sul, Rudinei Härter (PDT). Ele agradeceu à família Bierhals por receber todos em sua propriedade. “No município, existe um investimento, juntamente com as fumageiras do Instituto Crescer Legal, no qual é um programa em que jovens estudam ganhando conhecimento e capacitação para o gerenciamento na propriedade. Temos aqui a pecuária leiteira e de cortes e a produção de grãos. Aqui são 3.930 famílias que plantam fumo, que perfaz mais de 15 mil toneladas por ano. Em termos financeiros, são cerca de R$ 250 milhões na agricultura do tabaco”, calculou.


O deputado estadual Elton Weber (PSB) parabenizou todos os fumicultores e organizadores do evento. “É muito importante que a gente tenha a visão que a mais mãos se consegue fazer um trabalho melhor. Eu acredito que aqui em sua propriedade, Seu Romiro, certamente vocês fazem o trabalho em várias mãos. Nos setores precisamos trabalhar assim. Então eu vejo que no setor do tabaco, o produtor e as entidades fazem isso. Todo mundo envolvido no mesmo ritmo. Será que não poderíamos dizer que, graças aos produtores de fumo, mais de 150 municípios do Estado também têm o seu comércio girando constantemente? Quando vem o pagamento do fumo, o pessoal vai lá comprar aquilo que falta”, apontou.


O também deputado estadual José Sidney Nunes de Almeida (PT), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Fumicultores na Assembleia, lembrou que o telhado da casa e dos galpões da propriedade foi destruído pelo granizo. “Hoje é visível ver o esforço de vocês, dedicação e a recuperação. Naquele momento, não tivemos o apoio do governo, tiveram que se reerguer com a sua luta. A razão principal desse encontro é porque vocês produzem essa obra-prima, que gera riqueza, desenvolvimento e renda não só para as famílias, mas também empregos e oportunidades nas cidades do Estado. Queremos buscar alternativas e uma forma de estabilizar o processo da comercialização, para que seja menos traumático”, comentou.