O Inter vive uma de suas fases mais difíceis, pois o rebaixamento se apresenta de forma escancarada, e vai ser difícil evitá-lo. As críticas mais recorrentes em relação ao Inter nos últimos anos, estão localizadas no mau futebol e no mau funcionamento da equipe. Em 2014, quando Abel era o treinador, diziam que o time era lento. No ano passado, sob comando de Diego Aguirre, o problema era a pouca compactação da equipe (setores distanciados uns dos outros). No fim de 2015 e início de 2016, Argel treinava o time e se falou muito na ligação direta (em vez de bola trabalhada, chutões da defesa para o ataque sem a bola passar no meio-campo). Falcão teve pouco tempo para fazer qualquer coisa. Chegou Celso Roth. Os problemas de ligação direta e excesso de bolas alçadas se mantiveram.
Não é uma questão de ver os resultados ruins e, posteriormente, buscar as explicações que foram escritas no parágrafo acima. As críticas ao time de Abel, por exemplo, aconteciam em meio a uma boa campanha no Brasileirão que levou o Inter à Libertadores. Diego Aguirre chegou à semifinal da Libertadores. Argel assumiu o Inter de má campanha no Brasileirão e fez um ótimo segundo turno. Roth chegou para evitar o rebaixamento, uma questão ainda pendente e até reversível, embora tudo esteja se complicando e indique, sim, para o rebaixamento.
O que os críticos ou comentaristas fazem é, independente dos resultados, apontar os pontos fracos do time. Em um processo maior e mais prolongado, a má formação dos times do Inter leva à ausência de títulos importantes – e aí sim temos uma discussão de resultados mais relevante. O último título importante do Inter foi em 2011, a Recopa, que o clube conquistou, em grande parte, por ter sido campeão da Libertadores em 2010.
Mas, mesmo assim, sem nos preocuparmos com nenhum tipo de resultado, o fundamental é que o Inter volte a formar boas equipes de futebol. Times que saibam jogar, que tenham um padrão de jogo, que satisfaçam o torcedor quanto ao espetáculo que se vê em campo. O Inter, mais do que qualquer título, precisa ser um bom time. Ganhar e perder é do futebol, e um rebaixamento pode ser assimilado desde que o Inter seja retomado como time de futebol e possa sair da Série B mais fortalecido. Tomara que o Inter não caia e reverta a situação em que se encontra no Brasileirão. Mas quem acompanha futebol sabe que é normal equipes consideradas grandes caírem para a segunda divisão.
Se o Inter cair, haverá discursos de indignação, o que é habitual em situações mais críticas. Mas, se o clube for rebaixado, que se tire a lição mais adequada: a necessidade de uma política de futebol voltada para a montagem de um bom time.
Por Nelson Treglia