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Imponente, mas sem perder a ternura

Suilan Conrado
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Na última quarta-feira, 13, o mundo conheceu o novo papa. Seu nome não estava entre os mais cotados para se tornar o pontífice. No entanto, o argentino Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, surgiu na janela e abençoou a multidão que o aplaudia na Praça São Pedro, no Vaticano.
De Santa Cruz do Sul, o padre Roque Hammes, que há 32 anos exerce o sacerdócio, assistia a tudo, e nos relata suas impressões.

 Rolf Steinhaus

Padre Roque Hammes: “Estava convencido de que o papa seria italiano”

-Padre Roque, o senhor ficou surpreso quando soube do novo papa?
“Eu fiquei surpreso, não esperava um papa vindo da Argentina. Eu estava convencido de que seria um italiano. Certamente Roma gostaria que o novo papa fosse italiano, assim como gostamos que o bispo seja daqui. No entanto, papa Francisco tem uma descendência italiana, fala o idioma. Quanto ao Brasil, acredito que essa proximidade  com a Argentina, alegrou o povo brasileiro, apesar das ‘rivalidades’. Já na Igreja, não há rivalidade alguma, Brasil e Argentina são muito unidos nesse aspecto.”

-Quanto ao carisma e popularidade atribuídos ao papa Francisco, que é jesuíta, o que o senhor tem a dizer?
“A primeira aparição do papa me lembrou João Paulo I e João XXIII, que eram papas muito queridos, sem muito formalismo, logo lembrei deles. Aqui em Santa Cruz também temos uma história religiosa ligada ao jesuísmo,  na catedral (São João Batista) por exemplo,  até a criação da Diocese, eram padres jesuítas que atendiam. O próprio Colégio São Luís, antes de ser marista, foi jesuíta. Poucos bispos são jesuítas, pois estes  atuam mais fortemente na evangelização e áreas de fronteiras, e atribuem a missão de ser bispo aos padres diocesanos.”

-O maior desafio do novo papa, na sua opinião, qual vai ser?

“Pelo que estou lendo e conhecendo dele, pois até então não o conhecia, percebo que ele é uma pessoa muito disposta ao diálogo, muito flexível. E quando a pessoa esta aberta ao diálogo, os desafios e problemas são mais facilmente resolvidos, pois os conflitos surgem quando há fechamento. Por exemplo João Paulo II, foi um papa que em certos momentos, tomou duras decisões, mas sempre procurou manifestar-se de maneira suave. É mais ou menos como aquela frase famosa do Che Guevara, ‘Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás’. Acredito que a forma de dizer as coisas, faz com que elas sejam melhor aceitas ou não, e minha grande esperança com papa Francisco é essa ternura no diálogo.”

A AVALIAÇÃO DE DOM CANÍSIO KLAUS

-Dom Canísio, o que o senhor tem a dizer referente o novo papa?

“Estou muito alegre por ele ser nosso vizinho, argentino, mas sobretudo, estou feliz por termos um papa, e quando um pontífice é eleito, é para o mundo todo, independente de onde ele nasceu.”
Dom Canísio manifesta que as igrejas que integram a Diocese, farão neste fim de semana, uma missa de acolhida ao novo papa. “Quando papa Francisco apareceu para o público, se inclinou e pediu: ‘rezem por mim’. Portanto, como um gesto de boas vindas à ele, cumpriremos seu pedido”, comunica dom Klaus.

Rolf Steinhaus



Dom Canísio Klaus: “Papa é para o mundo todo, independente de onde ele nasceu”

HOMENAGEM

Dom Irineu Rezende Guimarães, Monge da Ordem de São Bento de
Tournay, na França, fez uma homenagem ao papa Francisco, compondo uma poesia.

“Ao Papa Francisco”
 

Tu chegaste do fim do mundo,
Como tu mesmo disseste!
Tu vens das veias abertas
do continente latino-americano!
Tu escolheste o nome do “poverello” de Assis,
O santo pobre entre os pobres,
Que chamava a tudo e a todos de irmão,
O santo do presépio e dos estigmas!
O santo da não-violência e da paz!
Teu gesto de pedir a bênção ao povo,
Antes de abençoá-lo, me impressionou!
Um papa que se inclina diante do povo!
Eu senti Deus presente ali!
Que Ele então te ilumine
E te conceda um pontificado abençoado!
Bem-vindo, Papa Francisco!

JORGE MARIO BERGOGLIO: PAPA FRANCISCO

Divulgação/RJ

Papa Francisco: expectativa de “ternura no diálogo”

Filho de uma família de classe média com cinco filhos, de pai ferroviário e mãe dona de casa, o argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, agora Papa Francisco, nasceu em Buenos Aires.
Antes de seguir carreira religiosa, Bergoglio formou-se técnico químico. Escolheu depois o sacerdócio, quase uma década após ter retirado parte de um pulmão por conta de uma doença respiratória. Em março de 1958, entrou no noviciado da Companhia de Jesus, congregação religiosa dos jesuítas.
Em 1998, o novo papa foi nomeado bispo em Buenos Aires, e três anos depois, cardeal pelo então Papa João Paulo II.