Viviane Scherer Fetzer
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Com as cores azul, prata e preto, a Escola de Samba Império da Zona Norte vem para a avenida no dia 12 de março, às 21h30, no Parque da Oktoberfest, trazendo “O Sete”. O tema surgiu em uma conversa entre a comissão de carnaval, Tony Saad, que sempre faz os sambas da escola, e Alex Santos, responsável pelos arranjos. Naquele ano a agremiação já tinha escolhido o tema, e “O Sete” acabou ficando na gaveta. Para 2016 a escola recuperou o tema e vai surpreender na avenida.
A escola que tem como símbolo o falcão e a coroa não realiza escolha de rainha de bateria, musas, madrinha de bateria e da escola. “Pensamos ser melhor não fazer uma escolha e sim fazer um convite àquelas pessoas que ajudam e apoiam a escola quando é necessário, principalmente nas coisas pequenas da preparação para o desfile”, explica Marli Câmara, presidente da Império da Zona Norte.
Voltando em 2016 para a disputa do carnaval, a escola de samba tem na corte do Santa Folia deste ano as suas duas representantes, Karen Regina Gomes e Rayssa Silveira Santos, que são princesas da festa.
Enredo
“O Sete” é um tema que pode ser explorado pelas diversas histórias que existem em cima do número. A Império da Zona Norte vai levar para a avenida as sete maravilhas do mundo, as sete cores do arco-íris, a criação do mundo, os sete pecados, os sete mares e outros pesquisados pelo compositor do samba enredo Tony Saad. Os arranjos ficaram por conta de Alex Santos e a voz é de Odilei Marques, o Palito. Tudo isso será representado com três carros alegóricos pelos 200 integrantes.
“Todos os temas que a Império leva tem a ver com alguma coisa da vida da gente. E o nosso tema é de fácil entendimento. Estamos procurando fazer o melhor possível, dentro da realidade do nosso carnaval”, salienta a presidente. A comissão de carnaval da escola é quem organiza todo o desfile e ainda tem o carnavalesco Fernando Garibaldi, que é responsável pelos carros alegóricos e pelas fantasias. A agremiação tem profissionais que trabalham para ela: costureiras, soldadores, eletricistas, alegoristas, músicos e dançarinos.
A comissão de frente é formada por dançarinos do Jef’s Studio de Dança. O samba enredo permite se ter uma ideia do que será representado na avenida porque seguirá a sequência da letra.
A escola
Em uma festa à fantasia de 15 anos e na época de carnaval, surgiu a ideia de criação de uma escola de samba por sete amigos sentados ao redor da mesa decorada para os convidados. “A gente estava falando sobre carnaval e que na zona norte de Santa Cruz não tinha nenhuma escola de samba, acabamos marcando uma reunião, que eu pensei ser de brincadeira, para fundar a escola”, conta Marli. Na semana seguinte o grupo de amigos se reuniu e na outra, mais especificamente no dia 14 de março de 2002, foi fundada a Escola de Samba Império da Zona Norte.
Os fundadores não entendiam muita coisa de carnaval e foram aprendendo conforme participaram dos carnavais e fazendo cursos com os jurados para entender o que é avaliado no desfile. No primeiro ano em que fez parte do carnaval, 2003, a Império conquistou o título de campeã do grupo B. Foi vice-campeã por dois anos e durante sete anos, para fechar com o samba enredo, foi campeã. Em um ano, 2015, não participou e nos outros não houve disputa.
Críticas
A Império da Zona Norte não desfilou em 2015 por diversos fatores que deixavam os integrantes da escola insatisfeitos. “Achamos que falta organização e planejamento no evento do carnaval. Esse ano vamos participar por questão de regulamento, porque se não desfilarmos vamos perder parte da verba para o carnaval do ano que vem. Acreditamos que o carnaval tem que ser planejado desde o início do ano, com data definida, horário definido, local para as escolas fazerem seus carros alegóricos”, dispara Marli Câmara, presidente da Escola.
Segundo a presidente, é feito um planejamento pela escola das fantasias que serão confeccionadas, das alegorias que serão criadas, mas que com a demora na resolução de datas e no recebimento da verba acabam não sendo feitas. “Por questão de tempo e dinheiro perdemos de fazer muita coisa pelo caminho”, explica Marli. Sobre o carnaval de Santa Cruz, a presidente é enfática: “as escolas de samba daqui evoluíram, mas o carnaval não. É muito importante que se consiga um lugar para que as escolas consigam fazer seus ensaios e carros alegóricos”.
Sobre o preconceito que é apontado como um dos fatores da participação do público ser pequena, Marli afirma que isso não existe, “não é por preconceito que as pessoas não vão, muitas vezes é porque não tem como chegar até o Parque (da Oktoberfest) por motivos de condução, dos horários de ônibus, da falta de condições financeiras para pagar táxi”. Ela reforça que o evento precisa de maior planejamento e que não pode ser pensado a partir de dezembro. “A Associação tem que começar a pensar no carnaval do próximo ano no mínimo até a metade do ano para que as escolas tenham mais tempo para se organizar”, sugere Marli.
Samba Enredo
O SETE
Composição: Tony Saad
Arranjos: Alex Santos
A sete chaves guardo meu maior tesouro
Por sete mares marinheiro navegou
E até Deus que tudo pode, não se cansa
No dia sete da semana descansou
Quem sente raiva, come muito, é preguiçoso
Só pensa em sexo, tem inveja do irmão
Quer só pra si o vil metal, é orgulhoso
É pecador, tem mais é que pedir perdão
Estou presente nas sete maravilhas
Sétima arte me levou pra Hollywood
A lenda assusta todo pai de sete filhas
São sete palmos, no fim, não há quem mude
Sou espiritual, sou cabalístico
Se as vezes sou banal, também sou místico
Sou o sete sagrado das crenças antigas e dos rituais
Sou o sete profano das noites dos nossos carnavais
O arco-íris não vive se eu for embora
Dou muitas vidas ao gato que merecer
Vivo na vida de todos, a toda hora
Eu sou o número sete, muito prazer
De sete notas, não mais que sete notas
Nasce o samba que sacode esse Brasil
E toda música, qualquer música
Precisa só de sete notas, não de mil!
Sete e sete são quatorze
Três “vez” sete, vinte e um
Campeã por sete vezes
Minha Império quer mais um
De negro, azul e prata
Meu falcão Imperial
Vai pintando o sete