A Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul realizou sessão especial na tarde dessa segunda-feira, dia 14, para debater uma situação polêmica criada em torno da transferência do Santuário de Schoenstatt, proposta do vereador Francisco Carlos Smidt (PSDB).
Participaram dos debates o promotor de Defesa Comunitária, Erico Fernando Barin; Luciana Antônia Tremea, presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur); Glacy Falleiro, membro do Movimento Apostólico do Schoenstatt; Leoni Cristina Kessler Vila, presidente da Associação Pró-Turismo de Santa Cruz do Sul, além da secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Carina Pranke da Silva.
Segundo o vereador Francisco Carlos Smidt (PTB) é de conhecimento da comunidade que as Irmãs de Maria, que viviam no Santuário de Schoenstatt, localizado às margens da BR-471, transferiram-se para o centro de Santa Cruz, na rua Thomas Flores, 759. A transferência ocorreu em função da pouca segurança para acessar o santuário.
“Há a intenção de se vender aquela área e com estes recursos edificar um novo Santuário, na parte mais central da cidade. Esta situação está causando muita apreensão por parte de pessoas e movimentos ligados ao Schoenstatt, que não concordam com a transferência do Santuário, pois consideram que aquele local já se tornou referência e é de acesso habitual para meditar, rezar e praticar outros atos religiosos”, destaca Smidt.
Carlão observa que a transferência do Santuário e a venda da área não estaria de acordo como o que, inicialmente, foi planejado e implementado pelos envolvidos do Movimento Schoenstatt. “Segundo noticiado, aquela área foi doada ao Instituto Pedagógico Social Tabor, em 10 de dezembro de 1975, via Lei Municipal 1.573, para ser edificado um centro de formação e educação do povo”, cita.
Em abril de 2019, o Instituto teria procurado a Prefeitura, solicitando um parecer sobre a venda daquela área. As irmãs teriam a intenção de se transferir para um local mais central, em Santa Cruz, para que o Santuário possa ser acessado de forma mais segura e mais fácil.
Smidt observa ainda, que existem colocações de que a área pode ser vendida a terceiros pelas religiosas o que é contestado pela presidência da Associação Pró-Turismo de Santa Cruz do Sul, Leoni Cristina Kessler Villa, que inclusive sugere que o município tombe a área. “Assim consideramos ser de extrema importância a discussão deste tema na Câmara de Vereadores para que possamos buscar uma solução para este impasse”, destaca o vereador.O que eles disseram
Francisco Carlão Smidt (PSDB)
Lamenta que as Irmãs de Maria não estejam presentes, apesar de der encaminhada uma justificativa. Debate pertinente no sentido de contribuir. Ao longo dos 44 anos de existência o Santuário de Schoenstatt ocupou um sentimento de fé de milhares de pessoas. Chama atenção o repentino desmonte do local. Consulta com 150 pessoas e 83% se mostraram contrários à mudança. O Santuário de Schoenstatt é um patrimônio da comunidade.
Carina Inês Panke da Silva – Secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo
Apresentou as tratativas para a mudança de endereço da congregação por falta de segurança. Prefeitura sempre foi contrario à transferência do Santuário. Recebeu do COmtur um pedido do tombamento do local do Santuário para patrimônio.
Leoni Cristina Kessler Villa – presidente da Associação Pró-Turismo de Santa Cruz
Representa uma gama de entidades do turismo de Santa Cruz do Sul. A entidade ficou sabendo da situação no dia 28 de outubro de 2020 da mudança do Santuário. Foi pego de surpresa, pois tem uma grande relevância. É o 5º santuário do Brasil. Visitação ao santuário é um atrativo para os turistas que vem a Santa Cruz do Sul.
Luciana Antônia Tremea – presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur)
Consenso de que deveria ser protocolado junto ao prefeito um pedido para o tombamento do Santuário de Schoenstatt e também protocolar o pedido ao Ministério Público. A sugestão do Comtur é que haja diálogo e que se encontre soluções e que o Santuário permaneça onde está pelo patrimônio histórico, turístico e religioso. Sugestão do Comtur que a Prefeitura providencie o tombamento e se proteja o Santuário e o seu entorno. Se as irmãs não consigam dar conta da sua manutenção, que seja feita por uma associação ou um outro grupo de fiéis, que irão gerir o espaço.
Glacy Falleiro – grupo de fieis e devotos de Schoenstatt
O Santuário não é da prefeitura, das irmãs. É da comunidade, do povo de Santa Cruz do Sul. Buscamos fazer abaixo-assinado. Debate se podem vender ou não? É ponto turístico? O que pode ser feito com a área.
Erico Fernando Barin – promotor de Defesa Comunitária
A atuação do MP neste caso tem dois aspectos: a questão da legalidade; reversão do imóvel ao município, por causa da finalidade. Em caso de venda para algo incerto, iremos intervir. Outro aspecto é o interesse público em torno do assunto. As irmãs destacaram que não há um interesse imediato de venda do local. Se a congregação quiser se manter em Santa Cruz, é preciso manter um período de transição, com as características que mantém o local de interesse públicos. Se a congregação se retirar do local teremos que averiguar. Em havendo o tombamento, quem administraria a área. Já em janeiro deverá haver uma abertura do local, num período transitório para que seja definida a questão.