Luciana Mandler
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Desde pequeno Leandro Zingler, hoje com 27 anos de idade, sonhava em conhecer a Alemanha. Em 2017, o desejo e a vontade se realizaram após receber o convite da tia Irení Zingler para passar uns dias na casa do primo que lá reside. Naquele momento, além da realização de um sonho, novas perspectivas se formavam. O jovem engenheiro civil, formado pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a partir dali, queria mais: fazer um intercâmbio e ter a oportunidade de estudar.
Leandro não achou que esse desejo seria realizado tão rápido. A boa notícia veio no início deste ano, quando a professora de alemão Jaqueline Bender o comunicou sobre a viagem para a Alemanha, onde realizará um intercâmbio através do Instituto Grainau, parceiro da Escola de Língua Alemã Auf gut Deutsch, com visto de um ano.
O jovem embarcará para o exterior na última semana deste mês e as expectativas são muitas e as melhores. “Como já conheço um pouco da Alemanha, sei que tem muitas coisas boas, as expectativas são boas. Terei bastantes atividades”, adianta o engenheiro civil, que planeja aproveitar cada minuto. “Fazer networking, conhecer o maior número de pessoas, estar aberto para conhecer e aprender com todos”, frisa. Até o dia do embarque, fica a ansiedade e as malas para organizar. Por sinal, terá que levar muitas roupas de frio, pois chegará no outono europeu e logo após pegará o inverno.
A PARCERIA
No início do ano, a professora Jaqueline Bender foi até a Alemanha, onde visitou o Instituto Grainau, a fim de manter os intercâmbios, já que durante a pandemia as viagens e imersões foram suspensas. “Conversei direto com o diretor e ele se mostrou muito feliz em continuar a parceria. Naquele momento, fechei o intercâmbio e no retorno comuniquei ao Leandro”, recorda, emocionada. “Não imaginava que seria tão rápido e por conta própria”, enfatiza.
Para a proprietária da Auf gut Deutsch, fazer intercâmbio auxilia o aluno a firmar o idioma. “O que sinto como professora é que, muitas vezes, se o aluno não sabe o que fazer com aquilo, ele não estuda com o mesmo zelo e afinco. Ele vai realmente se esforçar quando tiver algo em vista ali na frente”, pontua. “O intercâmbio é vital no aprendizado. Ali é que vai firmar seu conhecimento, realmente será fluente no idioma, pois vai ter o convívio diário com ele. É como se fosse uma imersão diária. Como ninguém fala o português lá, vai levantar e dormir falando o alemão”, reforça.
À espera da partida para a Alemanha, Leandro incentiva a todos os jovens e adultos que não desistam dos sonhos, pois sempre há tempo de realizá-los. E quando o assunto é a língua alemã, que não deixem perder esse importante idioma. “Minha história com o alemão vem desde sempre, com a família. Até os cinco anos, morei em Rio Pardinho e depois tive a oportunidade de morar em Santa Cruz (área urbana) com minha tia Irení, para estudar e fazer faculdade. Mas nem mesmo nessa mudança deixei de falar o alemão e hoje vejo portas se abrindo por saber o idioma”, observa.
Professora de alemão atesta o reconhecimento
Para Jaqueline Bender, que foi lehrerin (professora) do jovem, conseguir um intercâmbio de um ano na Alemanha é como se fosse um carimbo de reconhecimento. “É a recompensa por um trabalho feito com tanto carinho e amor. Sei o valor de um intercâmbio por ter sido uma intercambista. Já fiz e sei como mudou a minha vida”, atesta. “Proporcionar isso para outras pessoas, ou melhor, para meus alunos, é como dar um presente a eles.”
Orgulhosa, Jaqueline diz que Leandro sempre foi um aluno dedicado. Os dois se conheceram muito antes das aulas de alemão na Auf gut Deutsch. “Ele foi meu aluno, quando pequeno, no Colégio Mauá. Ele me conheceu como lehrerin quando estava na 4ª série, hoje o 5º ano do ensino fundamental”, recorda a professora.
Ela lembra ainda que o jovem sempre foi uma criança com brilho nos olhos quando o assunto era a língua alemã. “Ele entendia tudo porque já falava o dialeto, tendo em vista que cresceu com os avós na localidade de Rio Pardinho”, recorda. “Para ele, a aula de alemão era como voltar para casa. Ele adorava mostrar que sabia falar.”
O futuro intercambista conta que, nesse sentido, logo que começou a estudar teve dificuldades no colégio, pois falava apenas o alemão e não sabia nada de português. Mas nem mesmo os colegas achando engraçado ouvi-lo falar apenas em alemão o fez desistir do idioma. Pelo contrário, sempre teve um carinho por ele. “É triste ver que poucos jovens que falam alemão continuam no campo ou falam a língua. Sempre fiz questão de manter, pois faz parte das tradições e lembranças do passado”, sublinha.
Por toda dedicação e carinho que teve com a língua alemã, Leandro fica extremamente feliz e honrado por ter sido escolhido. “Agradeço a oportunidade durante os dois anos de curso pelas trocas. E aos colegas por terem sido também minha pequena família. Durante as aulas tivemos momentos de lazer e de aprendizado. Cozinhávamos pratos típicos e também resgatamos as tradições”, completa.