Viver no Brasil de 2021 exige coragem, esperança e muito jogo de cintura, eu diria. Não é fácil lidar com a ameaça do desemprego, o aumento da inflação, o medo do contágio por Covid-19, a iminência de um golpe e os acontecimentos diários promovidos por um governo que sequestrou o País. Fomos colocados na berlinda: ou adoecemos por sermos brasileiros ou por Covid-19.
No entanto, a grande beleza do ser humano é a sua capacidade de seguir em frente. Mesmo na tragédia, ainda assim encontramos momentos de humor. Afinal, não há como não pensar que estamos vivendo em uma esquete de humor duvidoso com os absurdos que ouvimos do genocida, digo, do presidente. É uma série de humor questionável, mas que ainda em esparsos momentos nos tira aquele sorriso de canto pela própria ruindade dos envolvidos.
Já começa pelo ator principal. Um maluco que se veste de presidente e finge trabalhar pelo País. Eu digo finge mesmo, pois pelo Diário Oficial o cidadão trabalhou em média apenas três horas durante a pandemia. Não é uma ironia que muita gente tenha passado anos falando que petistas odiavam trabalhar e terem eleito alguém assim? Mas calma lá: ele recebe humorista, pastor, influencer e por aí vai. Só não recebeu os representantes da vacina Pfizer. Nem mesmo um e-mail dizendo que ia retornar. Vai saber, né? Prioridades!
Além disso, enquanto a sua popularidade derrete, o que ele faz? Trabalhar mais não é uma opção, então ele se vitimiza e testa sua popularidade. Vamos viver para poder dizer que em meio à maior crise sanitária, o presidente não visitou um hospital, mas promoveu motociatas e aglomerações. Inclusive, esses eventos merecem um detalhe à parte, pois mais parecem encontros de homens com as suas masculinidades frágeis. A gasolina está barata e não há nada mais correto do que dirigir por aí ao lado dos seus amigos motoqueiros enquanto tem gente que passa fome, está desempregada ou perdendo a sua vida por uma doença que já existe vacina.
Se isso não der certo, ao menos dá para depois inventar alguma fake news, publicar uma imagem de um evento anterior e bradar aos quatro cantos de que está tudo bem com o governo enquanto ele claramente desmorona e cai no colo do Centrão. Nem mesmo a Copa América como distração deu certo para o Capitão Cloroquina. Quem diria que trazer pro epicentro da pandemia um campeonato de futebol traria alguma variante?
Tudo é válido para tirar do foco a CPI da Covid, que nos apresenta os demais personagens secundários dessa trama. Tem os generais que lançam nota ameaçando democracia, o general que foi ministro da Saúde enquanto o Brasil definhava, os atravessadores de negócios e algumas coisas bem suspeitas nas negociatas do governo Bolsonaro. Enquanto isso, lá fora o filme do Brasil vai queimando rapidamente assim como as nossas florestas e matas nativas. Ricardo Salles saiu do Ministério do Meio Ambiente, mas o projeto de destruição do nosso bioma segue a todo vapor. Para os nossos governantes, o Brasil está em liquidação. O que não for vendido, vai ser queimado ou destruído. Geralmente quem anda muito perto das milícias trata dos assuntos desta maneira.
E enquanto isso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, segue sentado em cima dos mais de 150 pedidos de impeachment. Afinal, o que são um Fiat Elba ou uma pedalada fiscal diante da culpa por 500 mil vidas perdidas? Se impeachment não serve pra dar um basta nisso, serve mesmo pra quê?