Profissionais do Hospital Santa Cruz (HSC) e professores da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) lançaram, em dezembro, o primeiro livro brasileiro sobre úlceras por pressão. Com 316 páginas, o trabalho multidisciplinar é fruto da dedicação e pesquisa de vários profissionais de diversas áreas e instituições que também contribuíram com capítulos, como fisioterapeutas, enfermeiras, médicos, psicólogos, nutricionistas e pedagogos, que discutem diferentes abordagens sobre o tema de modo prático e dinâmico considerando os aspectos de cada área. Em 2013 a obra já terá a sua segunda edição.
O livro “Úlceras por pressão: uma abordagem multidisciplinar” foi idealizado pela fisioterapeuta Miriam Viviane Baron, que há 15 anos trabalha como técnica em enfermagem no Hospital Santa Cruz. Ela é uma das organizadoras ao lado dos pedagogos José Rogério Santana e Lia Machado Fiuza Fialho, da fisioterapeuta Cristine Brandenburg e do médico Marcelo Carneiro, que é diretor acadêmico e coordenador do Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar do HSC. Entre os co-autores estão também as enfermeiras Aline Fischborn, Fernanda Gallisa, Janine Koepp e Veníria Cavalli, do Hospital Santa Cruz, além de estudantes, professores e outros profissionais graduados pela Unisc.
Atualmente Miriam é aluna do Mestrado em Promoção da Saúde, tendo trabalhado em vários projetos de pesquisa na Unisc sobre o assunto. Segundo ela, a ideia do livro surgiu devido à inquietude com a dor e o sofrimento destes pacientes, além de jovens e idosos morrerem ou sofrerem amputação de membros em decorrência de complicações das úlceras por pressão. “Estas feridas são de difícil cicatrização, por isso é relevante esclarecer de uma maneira educativa para que possamos preveni-la evitando, assim, transtornos que podem levar à morte por septicemia”, explica.
Divulgação/RJ
Trabalho multidisciplinar é fruto da dedicação e pesquisa de vários profissionais
A fisioterapeuta conta que, desde que iniciou suas atividades no HSC, cuidava de pacientes clínicos e cirúrgicos portadores de feridas crônicas de diferentes etiologias, como as úlceras por pressão. Atenta à evolução da cicatrização destas feridas, percebia, em muitos casos, que elas não cicatrizavam com o tratamento tópico utilizado. “Alguns pacientes, por alguma restrição ao leito, acabavam por desenvolver úlceras por pressão de grau IV rapidamente desenvolvendo a septicemia, já que a ferida é um foco para a entrada de microorganismos patogênicos”, acrescenta.
Os resultados dos estudos foram apresentados em diversas jornadas de instituições de ensino superior e publicados em anais, revistas e jornais. Em todas as universidades visitadas foram realizadas pesquisas nas bibliotecas em busca de mais informações sobre o tratamento de feridas crônicas. Durante os três anos de pesquisas bibliográficas, Miriam percebeu a escassez de livros no Brasil sobre o tema. “Utilizaram-se protocolos europeus, já que aqui existem poucas pesquisas nesta área”, conta.
A partir de então se percebeu a necessidade de estabelecer protocolos no Brasil para o seu tratamento e prevenção. E o primeiro passo para este processo foi a publicação do livro. “A Organização Mundial de Saúde define a úlcera por pressão como medidora da qualidade dos cuidados de saúde prestados em uma instituição de saúde, passível de processo judicial quando esta se desenvolve”, justifica Miriam. “Pouco se fazia pelo paciente e sua ferida, pois o conhecimento sobre a temática permanecia superficial, levando, por vezes, à prescrição e utilização errônea de produtos”, além de que há informações desencontradas nas referencias bibliográficas, e a prática deve ser baseada em evidências. Em se tratando de úlceras por pressão o melhor tratamento é a prevenção.