Nesta quarta-feira, 8, o presidente da Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc) e reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Vilmar Thomé, e a direção do Hospital Santa Cruz (HSC) apresentaram aos vereadores e representantes os projetos de infraestrutura do hospital. Entre eles está o de término da reforma e ampliação da Ala São Francisco, destinada totalmente a pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As obras iniciaram em 2010 e estão sendo viabilizadas com recursos públicos.
A segunda etapa das reformas será inaugurada no dia 24 deste mês. Posteriormente, com a conclusão da terceira etapa das reformas, a comunidade será beneficiada com a ampliação para 60 leitos – atualmente são 44 -, além da melhor comodidade e atendimento destes pacientes. A verba necessária para a conclusão da última etapa da obra é de R$ 300 mil. Thomé afirmou que já houve inclusão de recursos do HSC e da Unisc, por conta do curso de Medicina, e pediu aos vereadores de Santa Cruz do Sul o apoio para a obtenção do restante dos recursos.
Outro projeto apresentado pelos dirigentes é a reforma e implantação da UTI Pediátrica, dividindo a atual estrutura neopediátrica em duas unidades de terapia intensiva (UTI Neonatal e UTI Pediátrica). A atual estrutura tem oito leitos. Com o desmembramento, a UTI Neonatal teria 10 leitos e a UTI Pediátrica ficaria com oito. Além disso, a Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) passaria de 6 para 10 leitos. Já o projeto da UTI adulto ampliaria o número de leitos de 10 para 20, elevando também a qualificação ao nível três.
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Vilmar Thomé e a direção do hospital apresentaram os projetos de infraestrutura aos vereadores
No total, o HSC duplicaria de 24 para 48 leitos de UTIs e UCI. O valor estimado para as obras seria de R$ 5,8 milhões. Os recursos para a realização desses projetos estão sendo solicitados por meio dos governos Federal e Estadual. No dia 22 deste mês, Vilmar Thomé irá até o Ministério da Saúde para verificar o andamento dos projetos.
Após a apresentação dos projetos, os participantes conheceram as instalações reformadas (primeira e segunda etapas) da Ala São Francisco. E, como comparativo, visitaram a parte da unidade que será reparada na terceira etapa.
André Francisco Scheibler, presidente da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, afirmou a importância de terem acesso aos projetos e às melhorias do Hospital Santa Cruz. “Somos cobrados pelos atendimentos. Em visita às antigas dependências da ala percebemos a sua precariedade e ficamos satisfeitos com as reformas, a evolução e as melhorias do hospital”, disse.
Em referência ao apoio do Poder Legislativo Municipal, Scheibler explicou que serão avaliadas as condições e o fluxo de caixa da Câmara. E afirmou apoio aos projetos do HSC no que for possível.
Prefeitura alega baixa resolutividade no Pronto-Atendimento
A Secretaria Municipal de Saúde de Santa Cruz do Sul recebeu esta semana duas propostas de majoração de preços nos serviços de pronto-atendimento prestados à população pelo Hospital Santa Cruz. Caso aplicado, o reajuste de 62% proposto pela instituição elevaria o valor de cada atendimento/dia dos atuais R$ 72,25 para 123,48, o que geraria um custo mensal de R$ 709.773,48.
De acordo com o secretário de Saúde, Carlos Behm, desde a contratualização do serviço, em agosto de 2009, até março deste ano, o município já pagou ao Hospital o montante de R$ 15.562.424,80. Os valores até então foram corrigidos pelo IGPM. Atualmente 84% dos atendimentos prestados são de baixa complexidade e apenas 16% enquadram-se na alta complexidade.
A Prefeitura contratualizou com o Hospital Santa Cruz, 6 mil atendimentos ao mês. Em 2012 o total de atendimentos foi de 68.978, sendo 191 atendimentos ao dia e 5.748 ao mês. O repasse mensal é de R$ 400 mil. “A Prefeitura honra literalmente o pagamento e a média de atendimentos jamais excedeu ao contatado”.
O que preocupa o poder público municipal, segundo Behm, além da proposta de majoração em índices já considerados elevados, é o atendimento que vem sendo prestado aos pacientes, principalmente da alta complexidade. Muitos saem da consulta com requisição para realização urgente de exames laboratoriais e de diagnóstico por imagem e são encaminhados para a Central de Marcação de Consultas (Casa). “Pela contratualização esses exames deveriam ser feitos pelo próprio hospital que recebe da Prefeitura para executar o serviço. O hospital está descumprindo o contrato”, alertou.
Em uma das propostas apresentadas pelo hospital está um projeto de readequação da área física com aquisição de equipamentos e mobiliário. A Prefeitura informa que isso já ocorreu em 2009, com investimentos que ultrapassam R$ 1,1 milhão. Desses, R$ 718 mil foram gastos em equipamentos e R$ 390 mil na execução de reformas. Dias após a apresentação das propostas elevando os valores pagos pelos atendimentos, o hospital solicitou também aumento no valor da hora médica, alegando que não era possível manter plantonista com os valores atuais. “O que nos surpreende é que após a criação do curso de Medicina a despesa do hospital aumentou em 35%. E diante deste cenário, entendemos que a Prefeitura de Santa Cruz não tem a obrigação de assumir este custo, que é de responsabilidade da Unisc”, disse o secretário.
Outra situação frequente é a de pacientes que voltam reiteradas vezes ao Pronto-Atendimento, com agravamento do quadro clínico. Há casos em que saem do pronto-atendimento e vão buscar soluções junto a outras instituições, como o Hospitalzinho, que hoje atende com um único médico, 90 pacientes ao dia.
Portas fechadas
No último final de semana de abril, dias 27 e 28, o Hospital Santa Cruz comunicou a Secretaria Municipal de Saúde que em virtude de problemas no fechamento da escala dos médicos não haveria atendimento para casos de baixa complexidade e que apenas a emergência estaria funcionando. “Eles simplesmente informaram que iriam encaminhar os pacientes para o Hospitalzinho, mas existe um contrato em vigor que não está sendo cumprido”, alegou o secretário. Ele afirma também que a coordenação de internação e recepção orientou a equipe a gerar o cadastro dos usuários, cobrando pelos atendimentos que não estavam sendo prestados.
Para tentar solucionar o problema, a Prefeitura reforçou a equipe médica e de enfermeiros do Hospitalzinho e na manhã de sábado, em um período de quatro horas, um só médico atendeu 80 pacientes e três casos de emergência. A Prefeitura também colocou um carro à disposição, junto ao setor de regulação do Hospital Santa Cruz, para transportar os usuários para o único lugar em funcionamento naquele dia. Cientificado da realidade que a Secretaria Municipal de Saúde estava enfrentando durante esse período, o prefeito Telmo Kirst imediatamente notificou o Hospital Santa Cruz exigindo a regularização dos atendimentos no menor espaço de tempo possível.
O presidente da mantenedora do hospital, Vilmar Thomé, deverá se pronunciar nesta quinta a respeito do posicionamento da Prefeitura.