O governo federal rejeitou o retorno do horário de verão em 2024. A medida chegou a ser cogitada após recomendação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em setembro, mas foi descartada no último dia 16 pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Nos próximos meses, o governo avalia se a prática, usada para diminuir o consumo de energia no País, pode retornar em 2025.
A justificativa para a não utilização do horário de verão ainda em 2024 foi o aumento do nível das chuvas nas regiões mais afetadas pelo consumo excessivo de energia. Com as hidrelétricas tendo maior volume para produzir, o ministro foi taxativo ao descartar a possibilidade para este ano. “Temos a segurança energética assegurada, há o início de um processo de restabelecimento ainda muito modesto da nossa condição hídrica. Temos condições de chegar depois do verão em condição de avaliar, sim, a volta dessa política em 2025”, afirmou Silveira.
O Executivo Federal argumenta ainda que, com o restabelecimento do horário de verão neste ano, muitas empresas teriam dificuldades em adequar-se à operação, como as de aviação, por exemplo, que foram contra o retorno. O custo/benefício da deliberação teria um pico entre outubro e dezembro, e, segundo o governo, seria impossível modificar o horário antes de novembro, impedindo o aproveitamento máximo da medida. Adotado desde 1985 e interrompido em 2019, o horário de verão tem como intenção aumentar o período de luz natural do dia. O pico de consumo energético dos brasileiros é justamente no retorno do trabalho, após as 18 horas. Com a queda da luz solar, existe um hiato na geração de energia no País, já que a fonte eólica, impulsionada pelos ventos, tem sua força máxima durante a madrugada, causando a necessidade do aumento de geração das hidrelétricas ao fim do dia.
O que dizem os comerciantes
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) do Vale do Rio Pardo, Mauro Spode, entende que o retorno do horário de verão teria pouca interferência para os estabelecimentos do setor, já que a maioria fecha as portas entre 18 e 19 horas. A medida levaria a um público maior nas ruas até o pôr do sol, em torno das 20 horas, mas teria pouco impacto para as vendas.
“O que se nota é, sim, uma movimentação maior de pessoas nas ruas, por conta especialmente do maior tempo de sol, que ocorre a partir da adoção do horário de verão. Nesse sentido, a implementação desse horário é uma medida positiva, mas de baixo impacto para o segmento lojas”, atestou Spode.
Segundo ele, a mudança poderia dar resultado no segmento bares e restaurantes. “Com a proximidade do verão e uma maior estabilidade do clima, acreditamos que seja interessante este horário diferenciado, que pode influenciar de forma positiva no fluxo de pessoas e potenciais clientes”, observou o presidente do Sindilojas.
Atuando no ramo de restaurantes desde 1993, o proprietário da galeteria Casa Gaspar, Ricardo Toillier, destaca que há prós e contras no horário de verão, quando se fala em estabelecimentos do seu ramo. Ele argumenta que os bares e pubs seriam beneficiados com uma hora a mais para o chamado “Happy Hour”, mas, para os restaurantes que servem janta, a adoção da alteração poderia até reduzir a presença de público, já que o período da noite é o mais utilizado para a refeição.
“No caso das choperias e pubs, pela inexistência do horário de verão, agora eles não estão sendo beneficiados. As pessoas têm menos tempo para consumir. No horário de verão, as pessoas saem do serviço e ficam mais tempo nesses estabelecimentos. No nosso caso, específico de restaurante, temos o horário das 19h30 para começar a servir a janta. Se fosse adotado o horário de verão, a gente acabaria sendo ‘penalizado’, pois às 19h30 ainda estaria com sol alto e iria escurecer às 20h30, ficando menos tempo para o cliente chegar e usufruir do buffet”, explicou. Ricardo acrescentou que a preferência do público por jantar após o pôr do sol altera a logística dos restaurantes. “Principalmente em função dos nossos colaboradores, em função de horário de entrada dos funcionários e do horário em que o buffet tem que estar pronto. E de saída também. Uma hora a mais sempre interfere”, apontou o empresário.