O Dia Municipal de Adoção, Proteção e Bem-estar Animal, celebrado em 25 de março, não passou em branco. Instituído pela lei nº 7.715/2017, de autoria da vereadora Bruna Molz, a data é oportunidade para refletir, divulgar e apoiar ações promovidas por ONGs, Canil Municipal, grupos de proteção e protetores independentes em prol dos animais abandonados e vítimas de maus-tratos.
De acordo com o médico veterinário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade (Semass), Tiago Marques, nos últimos anos Santa Cruz do Sul avançou consideravelmente nas questões relacionadas à causa animal, mas ainda há um grande caminho a ser percorrido. “Apesar de realizarmos um trabalho contínuo, durante todo o ano, a população nem sempre tem acesso ao que é feito e é preciso mostrar essas ações”, disse ele.
No Canil Municipal, com capacidade para abrigar 47 animais, 83 aguardam por um lar e os números se mantêm na maior parte do ano em patamares altos, embora no início da pandemia tenha ocorrido um boom de adoções, um ano depois os números caíram bruscamente. “As pessoas tiveram queda nos rendimentos, muitas perderam o emprego, ficaram sem condições de manter os animais em casa e acabaram abandonando. Dos animais que estamos recolhendo agora, cerca de 80% são idosos, muitos de grande porte, que apresentam síndromes, doenças, e machucados, esses são de difícil adoção”, contou.
Enquanto todos os esforços sejam no sentido de promover a chamada adoção responsável, levar um animal para casa por impulso é uma ocorrência até bem comum, como revela Tiago. “Temos tido várias situações assim, a pessoa pega o bichinho, leva pra casa e um ou dois dias depois devolve, não permite a adaptação do animal. É preciso entender que eles são como nós, levam um tempo para se adaptar, conhecer a rotina da casa. Falta sensibilidade”, explicou.
No início do mês, em uma única semana, de três animais que haviam sido adotados, dois acabaram devolvidos. “O dono espera comportamentos que o cão não apresenta de imediato. Ele recém chegou ao novo lar, não sabe onde fazer as necessidades, onde pode ou não dormir, não sabe que determinado alimento é para o tutor e não para ele, enfim, são coisas que o animal precisa aprender. A pessoa que adota precisa ter paciência”, frisou Tiago.
Ainda que a consciência em torno da causa animal precise ser ampliada, os avanços que tornam Santa Cruz do Sul uma referência no Estado não podem ser ignorados. Tiago cita como grandes conquistas, a política de controle populacional do Município, a inauguração do Hospital Veterinário, o projeto para construção do Cebem, as parcerias com ONGs, entre outras iniciativas de êxito.
Conquistas para os animais
- Desde outubro do ano passado, quando começou a funcionar, o Hospital Veterinário já efetuou mais de 360 atendimentos para famílias de baixa renda cadastradas na Semass, protetores e ONGs. Hoje existem mais de 250 cadastrados junto ao Município e o atendimento é sem nenhum custo para essas famílias;
- Desde 2016, o Município desenvolve uma política de controle populacional de cães e gatos, e mais de cinco mil animais de baixa renda e também oriundos de ONGs e do Canil Municipal já foram castrados. Segundo projeções da Semass, praticamente deixaram de nascer mais de 600 mil animais devido a essas esterilizações;
- Outra forma de auxílio prestado pelo Município se dá através de doações de alimentos para entidades como Cavalo de Lata e Abrigo São Francisco. O convênio foi formalizado há dois anos;
- Está em processo final de licitação, o Centro de Bem-Estar Animal (Cebem). No próximo mês a empresa que será responsável pela construção do prédio na Granja Municipal, em Linha Santa Cruz, será conhecida. O espaço vai abrigar 240 animais, em um complexo que contará com canil, gatil e prédio para atendimento médico-veterinário e atividades administrativas;
- Está em fase de estruturação para ser implantado em abril pelo Semass, junto à Crepel, o Banco de Ração do Município. Doações serão recebidas tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas para destinação às ONGs que atendem animais resgatados e população de baixa renda.