Dona Marisa, de 70 anos, recebeu Escritura Pública após décadas de espera.
Dona Marisa nunca pôde cultivar flores no pátio de casa. Os lugares, ou cantinhos como ela chama, em que morou, nunca foram legalmente seus. Em várias mudanças de endereço que fez, desde o casamento com seu falecido marido, Adão, vivia em chalés improvisados, muitos deles feitos com restos de madeira de outras construções.
Entre um lugar e outro, gerou quatro filhos, a Rosângela, o Sebastião, o Mario e o Claudiomiro, eles também morando com a mãe em lares emprestados. Mas foi dessa forma que a família da Rosa se constituiu. E foi após décadas de trabalho fazendo faxina e lavando roupas na casa de outros, que veio um lar definitivo, com dois quartos, uma despensa, duas salas, uma para o jantar e outra para ver televisão, e um banheiro. “É muito bom receber visita e poder mostrar cada cantinho da casa”, conta.
É no Bairro Santa Vitória, bem próximo da rodovia da BR 471, que hoje ela pode cultivar, além de viçosas flores na frente de casa, chás para acalentar as eventuais dores próprias dos 70 anos vividos, e até uma erva da espécie babosa. “Eu uso babosa para hidratar meus cabelos, e até para curar feridas. Agora que eu tenho certeza que este lugar é meu, com casa e tudo, eu posso cuidar das minhas plantinhas, porque sei que ninguém vai tirar o que tenho”, desabafa ela, exibindo as escrituras em que consta seu nome em letras garrafais, Marisa da Rosa, “dona e proprietária”, como ela diz brincando, da residência em alvenaria e do terreno em que mora.
A história de dona Marisa já retratamos no meio do ano, em junho, quando ela recebeu a Escritura Pública, graças ao trabalho realizado pela Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária, através do Programa de Regularização Municipal. Ao visitarmos dona Marisa novamente, agora em dezembro, ela não se importou em refazermos a foto, mas fez uma exigência: Teria que ser junto com o Otto, seu fiel companheiro. “Ele é o herdeiro de tudo que conquistei”, diz ela, aos risos, e na sequência complementa. “É muito bom poder deixar uma boa herança para os meus filhos de sangue e de coração. Não tem alegria maior para uma mãe”, declarou.
Mais 58 famílias beneficiadas
Assim como dona Marisa, a Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária já realizou a entrega de escrituras para outras 23 famílias, e mais 35 devem receber antes do fim do ano, totalizando 58. Atualmente, 18 processos de regularização estão em fase de elaboração da Escritura Pública. Outros 25 processos estão concluídos para encaminhamento à Comissão Especial de Avaliação e Análise.
Conforme a Lei Municipal 9285, de 25/05/2023, estão sendo contemplados nesta modalidade de regularização os moradores do Loteamento Beckenkamp, e dos Bairros Santa Vitória, Faxinal Menino Deus, Pedreira, Bom Jesus, Rauber, Santuário e Progresso.