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Há mais dos meus professores em mim do que eu suspeito

Volta às aulas. Hora de rever os colegas e preparar-se para o futuro que parece estar chegando à velocidade da luz. Porém, neste mundo doido, em que as tecnologias permitem um novo encantamento na sala de aula, é preciso ver que há algo mais do que notas boas e ruins na escola: os professores que vão além das disciplinas e ensinam valores para toda a vida.
Eu não fui um aluno destacado. Todo ano eu passava “com as calças nas mãos”. Mas, quando penso sobre minha vida enquanto estudante, me vem à mente os professores que contribuíram para a minha formação como pessoa.
Estudei da primeira à quarta série no Colégio Alcides Maya, no Irapuá, interior de Caçapava. Minha primeira professora chamava-se Gasparina Lacerda. Com a “tia Nilsa” eu tive o primeiro contato com as letras e os números. Ela me ajudou a adentrar o mundo escolar – a primeira mudança brusca em minha vida.
Em 1977 meu pai me matriculou no Colégio Barão do Rio Branco, em Cachoeira. E, como eu era oriundo de uma escola do interior com salas multisseriadas, apresentei certas dificuldades de aprendizado e tive que repetir a quarta série. Foi aí que a professora Arlanda Streck “entrou em cena” e, com amor e paciência me acolheu. Ela foi mais do que uma educadora: foi meu porto seguro. Eu me sentia o “mimoso” dela. A “tia” Arlanda tinha o dom de descobrir o melhor de cada aluno e procurava fazer com que cada um se sentisse valioso. Com ela, aprendi que a valorização positiva de si mesmo é determinante para o futuro do ser humano.
Vários professores do Barão me deixaram “marcas” para sempre. Lembro-me das animadas aulas de geografia do Carlos Henrique Lamb. Com ele aprendi a manter o controle de minhas atividades profissionais sempre numa linha de animação. Recordo-me da estratégia utilizada pelo professor Cabral para que a turma parasse de conversar durante as aulas de química: ele ficava em silêncio até que todos se calassem. Simples assim! Essa atitude me ensinou que o silêncio, às vezes, é uma boa maneira de resolver as coisas. Não esqueço os relatos da Icléia Aerts, professora de inglês, sobre o sucesso do filho Nelson Aerts que, na época, defendia o Brasil na Copa Davis de tênis. A maneira emocionada como ela falava do “Neco” me fez entender como funciona o coração dos pais quando eles se orgulham do sucesso dos filhos.
Pois é, meus professores me ensinaram muito mais do que disciplinas. E às vezes vejo que há mais deles em mim do que eu suspeito.