Embora os índices apontam uma queda nos casos de natalidade adolescente em Santa Cruz do Sul, o número ainda é preocupante. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesa), houve uma redução no indicador entre as faixas etárias de 10 a 19 anos. No ano de 2017, foram 113 casos de adolescentes gestantes. Já em 2018 este índice reduziu para 91. De janeiro a setembro de 2019, de 1.145 nascimentos, 43 casos foram registrados.
Segundo a diretora de Ações e Programas de Saúde, Clarissa Gohlke, uma série de fatores contribuíram para a redução no número de casos. “A cobertura de Atenção Básica no município é de 85%, isso contribui para a realização de ações e vínculo da população com as equipes de saúde”, explicou.
Ainda segundo ela, os programas realizados pela Sesa também conscientizam o público adolescente e suas famílias. Dentre eles está o Primeira Infância Melhor (PIM), que disponibiliza dez visitadores, que atendem quatro bairros com grande vulnerabilidade social. “Nossa média é de 120 famílias por mês que são visitadas”, diz Clarissa.
Nas unidades de saúde também são realizadas ações de orientação para evitar a gravidez precoce. Um dos exemplos é na Estratégia Saúde da Família (ESF) Rauber. Há cerca de um ano e meio, 30 adolescentes, divididos em dois grupos, participam de encontros quinzenais para discutir temas relacionados à sexualidade.
De acordo com a coordenadora municipal de Atenção Básica, Vanda Hermes, as campanhas de conscientização são fundamentais, mesmo com a redução do número de casos. “As orientações nas unidades de saúde acontecem de forma contínua. Mas o assunto também precisa ser discutido na escola, nas famílias. A medida mais eficaz, no entanto, para evitar uma gestação precoce é a educação”, explicou.
Outra iniciativa que contribui com a redução de casos de gravidez precoce é o Programa Saúde na Escola (PSE). De acordo com uma das coordenadoras do programa, Denise Henriqson, as ações são realizadas em instituições de ensino municipais e estaduais, conforme determinação do Ministério da Saúde. “Temos várias temáticas que são trabalhadas nas escolas, e a gravidez na adolescência é uma delas”, afirmou.
O assunto precisa ser discutido, seja nas famílias, na escola e, principalmente em ações de políticas públicas. Mas, afinal, quais as principais causas da gravidez precoce? De acordo com Clarissa, não existe uma causa específica. “Percebe-se, nas buscas ativas, que há uma falta de planejamento de projeto de vida, repetição de padrões familiares, dificuldade de auto-cuidado e responsabilidade com seu corpo. A Gravidez na adolescência não é apenas um problema de saúde pública, mas sim um problema social e educacional, onde devemos trabalhar de maneira intersetorial com outras secretarias”, esclareceu.
O Município disponibiliza oito métodos contraceptivos. Os definitivos, que são a vasectomia e a laqueadura tubária; os temporários, que são os injetáveis aplicados a cada mês ou de forma trimestral; o anticoncepional oral, o dispositivo intrauterino (DIU), e preservativos masculinos e femininos.
Para qualificar ainda mais os serviços de saúde, nos meses de outubro e novembro, a Sesa promoverá capacitações, através do Núcleo Municipal de Saúde (NUMESC), para os servidores técnicos e agentes comunitários de saúde, sobre planejamento familiar, com objetivo de proporcionar uma melhor abordagem e reconhecimento do seu território no controle dos indicadores.