Ricardo Gais
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Após Santa Cruz do Sul confirmar o primeiro caso de Covid-19 em 5 de abril, o número de pacientes que foram diagnosticados com a doença aumentou. No próximo mês o município completa quatro meses enfrentado a pandemia e o total de casos registrados oficialmente, até esta sexta-feira, 31 de julho, chega a 380. Desses, 260 pessoas já estão recuperadas da doença e dois óbitos foram registrados por coronavírus, lembrando que o primeiro óbito foi por critério clínico epidemiológico do Estado. O gráfico utilizado nesta matéria contabiliza apenas os casos confirmados até a última quarta-feira, 29.
No gráfico que utiliza apenas os dados oficiais divulgados pela Prefeitura Municipal, pode-se ter uma visão mais ampla de como aumentou o número de casos confirmados de moradores do município ao decorrer dos meses, principalmente neste mês de julho.
De acordo com o médico infectologista do Hospital Santa Cruz e integrante do Gabinete de Emergências, Marcelo Carneiro, os números divulgados podem estar subnotificados, ou seja, os dados mostram apenas os pacientes que procuraram por ajuda médica e realizaram o teste. Já o aumento de confirmações pela infecção, o infectologista diz ser necessário, pois nenhuma pandemia termina se a maioria das pessoas não forem infectadas e adquirirem anticorpos. “Para terminar qualquer pandemia, de dengue ou coronavírus por exemplo, uma grande parcela das pessoas deve ser infectada para adquirir anticorpos, assim, quando o vírus não ter mais a capacidade de se transmitir ele morre e começa a diminuir o número de casos da doença”, explicou.
Sobre o crescimento de casos no mês de julho – como mostra o gráfico – Carneiro disse que é normal o aumento de doenças durante o inverno, pelo fato das pessoas estarem mais em casa, em lugares fechados e também pelo aumento de doenças respiratórias. “Não é por causa do frio que o número de confirmações por Covid-19 aumentou na região Sul do país, o fato ajuda, mas não é o principal causador, um exemplo é no Nordeste do país onde faz calor sempre, e também está registrando muitos casos. Por Santa Cruz a doença está passando de forma branda, pois o número de óbitos é baixo e essas pessoas já tinham fatores de risco que se agravaram com a Covid-19”.
De acordo com Carneiro, o que também provocou aumento nas confirmações foi o surto em uma clínica geriátrica e em outra instituição fechada e também pelo aumento na disponibilidade de testes para detectar o novo coronavírus. “Estes exames não se tinha no primeiro mês e atualmente qualquer pessoa pode fazer”, salienta.
Ainda não se sabe quando ocorrerá o pico da pandemia em Santa Cruz, mas o médico infectologista explica que as cidades que confirmaram os casos por primeiro ou possuem uma população menor, nestes locais a pandemia deve acabar por primeiro. “Possivelmente Venâncio Aires será a cidade da região que terminará primeiro com a confirmação de novos casos de Covid-19. No entanto, em Santa Cruz, não dá para prever, mas caso os números continuarem aumentando significa que estamos em plena pandemia. Se começarem a diminuir de duas em duas semanas, pode-se dizer que estamos saindo da pandemia”, conclui.
Sobre o gráfico
O mês com menor registro é abril, início da pandemia no município, com quatro casos confirmados, nenhum recuperado e sem registro de óbito. Maio registra aumento nas confirmações, 84, e o número de recuperados aparece pela primeira vez, 46. O mês também registou o primeiro óbito. Junho registra uma leve queda nos casos confirmados, 78, já o número de recuperados aumenta para 67, sem óbito registrado. Já neste mês de julho, os dados até a última quarta-feira, 29, mostram uma elevação nas confirmações, 181. Também registra aumento no número de pacientes recuperados, 132, e a confirmação da segunda morte por Covid-19.